– Chega a Tarde!… e o Sol?…
parece um Rei que fora destronado
e, humilhado se exila
da pátria sua… e longe, desprezado,
de Dor se aniquila!
– vem o Arrebol…
No seu rubor, o que se faz?!!!
– De Tebo anuncia o instante final
Enquanto, nuvens amarguradas,
afoguedadas,
recitam, silentes, o “descanse em paz”
numa Prece Vesperal!
Ouve-se um soluço gemente,
bem triste, lento, plangente…
– E o Sino a dobrar a Ave Maria
anunciando o expirar do Dia!
A Lua que é do Sol esposa amada,
Pálida aparece,
da Noite, no véu negro enlutada,
de Dor se esmaece!
Assistam-na, as Estrelas, suas Damas
que lhe fazem companhia…
do seu Amor, nas prateadas chamas,
a Terra erma alumia!
Quanto Mistério no Crepúsculo,
no instante épico do Sol por!
O homem sente-se um ser minúsculo,
ante a grandeza do Senhor!
E, do Poeta, a alma sonhadora,
feliz, crente, extasiada…
de Luz sentindo a Sede abrasadora,
para o Além é transportada!
(SILENTE QUIETUDE – ALBERTINA MACIEL DE LAGOS – pág. 54).