Curiosidades Musicais: ZÉ KETI – por Léo dos Monges

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José Flores de Jesus (Zé Kéti), nasceu no dia 16 de setembro de 1921 no bairro de Inhaúma no Rio de Janeiro, mas só foi registrado no dia 06 de outubro de 1921.

– Meu pai morreu quando eu tinha três anos, ele era superticioso pra burro. Não tomava café na casa de ninguém, pessoa conhecida ou desconhecida, com medo de algum feitoço.

Depõe a mãe de José Flores:

– Depois que o pai de Zé morreu, eu fui trabalhar, primeiro na fábrica de tecidos em Bangu e depois como doméstica, em casa de família. Como eu não podia levar o menino comigo, deixava ele na casa da vizinha.

José Flores:

– Mas um dia ele foi com minha mãe visitar uma ex-noiva dele. Lá, ele marcou bobeira e tomou um cafezinho. E nesse cafezinho tinha um pó-de-joana, uma mandinga qualquer. Quando ele saiu da casa da ex-noiva, ja começou a ver coisa. Em casa ele pegava um garfo ou uma faca e atacava a própria sombra, dizendo que era uma pessoa que seguia ele. Por causa disso ele foi arrastado uma vez por um Bonde de perdeu um pé debaixo de um trem, lá na estação de Dona Clara, onde agente morava. Depois disso ele foi pro hospício e morreu louco.

Outra vez a mãe:

– Quando eu voltava, sempre perguntava: “Como é, o Zé ficou quietinho?” De Zé quietinho, passou pra Zé Quieto, depois Zé Quéti. Daí teve uma época em que a letra K no começo do nome estava na moda.

Tinha Kennedy, Kubitschek, Kruschev. Estava dando sorte. Daí o Zé passou a escrever com K também. E foi em 1924, que ele passou a ser conhecido por Zé Kéti.

Em 1924, foi morar em Bangu na casa do avô, o Flautista e Pianista João Dionisio de Santana, o avõ costumava promover reuniões musicais em casa – rodas que varavam a noite e das quais participavam nome que viriam a ser muito famosos na História da música popular Brasileira. Compositores da estatura de Pixinguinha ou de um Cândido “Índio” das Neves.

Depois que o pai morreu, sua mãe casou de novo, dando a Zé Kéti um padrasto que queria que ele estudasse.

– Ele queria que eu fosse Doutor, Dentista. Mas eu não quis bancar o Tiradentes, fiz até o quinto ano e depois preferi trabalhar: Fui ser operário na fábrica de calçados Fox.

Zé Kéti esteve pela primeira vez no Legendário Café Nice em 1939: com Luis Soberano, autor de Não me Diga Adeus. O Nice era na época o ponto de reunião da vida artística do Rio.

Zé Kéti, começou a atuar na década de 1940, na ala dos compositores de Escola de Samba Portela. Entre 1940 e 1943, compôs sua primeira marcha “Se o Feio Doesse” em 1946. “Tio Sam no Samba” foi o primeiro samba de sua autoria gravado pelo grupo Vocalistas Tropicais. Em 1955, um grande sucesso de Zé Keti, “A Voz do Morro”, gravado por Jorge Goulart e com arranjo de Radamés Gnattali, fez um enorme sucesso na trilha do filme (Rio 40 Graus) de Nelson Pereira dos Santos.

Zé Kéti participou das atividades musicais do Zi Cartola, Restaurante de Cartola e Dona Zica, do qual foi diretor musical. O Zi Cartola atraía sambista, intelectuais e a burguesia da Zona Sul Carioca. Alí conheceu Carlos Lyra, com quem compôs “Samba da Legalidade”, apresentando estes a Nelson Cavaquinho, Élton Medeiros e outros sambistas. Com este grupo participou também da luta pelos direitos autorais.

Nara Leão, que conheceu Zé Kéti no Zi Cartola, gravou “Diz que Fui por aí”, em seu primeiro disco solo.

Zé Kéti recebeu o troféu Euterpe como melhor compositor Carioca e com Nelson Cavaquinho, o troféu O Guarany, como melhor compositor Brasileiro.

Autor de várias composições de sucesso, tais como: Opinião, Acender as Velas, A Voz do Morro, Máscara Negra, Diz que Fui por aí, Leviana, Samba da Legalidade, Nega Diva, Jaqueira da Portela e tantas outras.

Zé Kéti faleceu no Rio de Janeiro no dia 14 de novembro de 1999.

DIZ QUE FUI POR AÍ – (ZECA PAGODINHO)

Se alguém perguntar por mim 
Diz que fui por aí 
Levando o violão embaixo do braço 
Em qualquer esquina eu paro 
Em qualquer botequim eu entro 
Se houver motivo 
É mais um samba que eu faço 
Se quiserem saber se volto 
Diga que sim 
Mas só depois que a saudade se afastar de mim 
Mas só depois que a saudade se afastar de mim 

Tenho um violão para me acompanhar 
Tenho muitos amigos, eu sou popular 
Tenho a madrugada como companheira 
A saudade me dói, o meu peito me rói 
Eu estou na cidade, eu estou na favela 
Eu estou por aí 
Sempre pensando nela

leo

 

Leo dos Monges

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