Curiosidades Musicais: NELSON FERREIRA

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Nelson Heráclito Alves Ferreira (Nelson Ferreira), o “Moreno Bom”, como era carinhosamente apelidado, nasceu em 09 de dezembro de 1902 na cidade de Bonito –PE, filho do vendedor de joias e violonista amador e de professora  primaria. Aprendeu violão, piano e violino e já aos 14 anos compôs sua primeira música, a Valsa Vitória, a pedido da companhia de seguros Vitalícia Pernambucana. Daí em diante, mais Valsas, Foxes, Tangos, canções, vindo a especializar-se no Frevo. Ainda jovem tocando em pensões alegres, cafés, saraus e nos famosos cinemas Royal e Moderno do Recife. Foi o pianista mais ouvido na época do cinema mudo. Nos primeiros anos do rádio foi convidado pelo pioneiro Oscar Moreira Pinto para ser o diretor artístico da Rádio Clube de Pernambuco, onde, além de compor, fundou vários grupos e orquestras e apresentou os mais variados programas, atingindo, com seu talento e versatilidade, todas as camadas sociais. Formou a partir dos anos 40 uma orquestra de frevos, cuja a fama extrapolou as fronteiras pernambucanas, conseguindo sucesso nacional. Também foi homem de disco, na função de diretor-artístico da fábrica Rosenblit, Selo Mocambo, instalada nos anos 50 no Recife, até então a única gravadora fora do eixo Rio – São Paulo. Nelson Ferreira é um dos nordestinos com maior numero de músicas gravadas dentro da discografia nacional, embora grande parte delas, no entanto, restringiu-se a Pernambuco e ao restante do Nordeste. Sua primeira composição gravada foi “Borboleta não é Ave”, em parceria J. Borges pela gravadora Odeon, em 1923 pelo grupo do Pimentel, como samba e pelo cantor baiano, como marcha.

A composição mais famosa, um frevo de bloco, foi “Evocação nº 1”, a primeira das 7 evocações composta por ele, e que foi sucesso no carnaval de 1957 no Rio de Janeiro, cantada em ritmo de marcha.

Nelson Ferreira compôs o hino do Bloco Timbu Coroado, que sai pelas ruas do bairro dos aflitos, no Recife, no domingo de carnaval e pertence ao Clube Náutico Capibaribe. Para este clube, fez também o frevo “Come e Dorme”, talvez a música que mais esteja associada ao futebol alvirubro pernambucano. Também é o autor do frevo-canção cazá, cazá, cazá (1955), após o pedido na época do jovem Eunitônio Edir Pereira, que anos depois iria compor o hino oficial do Sport Club do Recife. Alguns até se tornariam seus parceiros musicais como: Sebastião Lopes (O bom Sebastião), Ziul Matos, Oswaldo Santiago, Eustórgio Wanderley, Aldemar Paiva e o vitoriense Nestor de Holanda, com quem compôs “Frevo é Assim” e tantos outros famosos na Radiofonia Pernambucana. Compôs sete evocações, apreciada em todo Brasil nas quais homenageou carnavalescos, velhos companheiros, jornalistas e imortais da poesia como Manoel Bandeira, e artistas da dimensão de Ataulfo Alves, Lamartine Babo, Francisco Alves, entre outros. Sua produção, ao lado da de outros pernambucanos, como Raul e Edgar Moraes, Zumba, Levino Ferreira, Irmãos Valença, Luiz Gonzaga, Capiba e outros mais, é de importância enorme no estudo das manifestações músico-sócio-culturais da Região.

No final dos anos de 1920 suas músicas são constantemente gravadas no Sul pelos artistas mais famosos, como: Francisco Alves, Almirante, Carlos Galhado, Araci de Almeida, Joel e Gaúcho, Augusto Calheiros, Minona Carneiro e nos anos seguintes, por Dircinha Batista, Nelson Gonçalves, várias orquestras, além de intérpretes pernambucanos do maior valor, no Recife, como Claudionor Germano e Expedito Baracho.

Em sua extraordinária obra, Nelson fez adivinhações, brincou de bola de forno, de coelho sai, fez evocações, cantou a sua Veneza americana e seus tipo populares, registrou a revolução de 30 e a segunda guerra mundial, os momentos românticos, alegres e tristes, disse da natureza humana, da tradição e dos costumes de sua gente. Foi homenageado pelos varredores, prefeitos, clubes e entidades,tendo recebido a condecoração presidencial pelo presidente Médici de oficial da ordem do Rio Branco. Casado desde 1926, com dona Aurora, sua musa inspiradora durante toda a vida, confessava que os maiores orgulhos de sua vida eram ser pernambucano e poder despertar para Aurora. Hoje se encontra na Avenida Mário Melo a praça Nelson Ferreira com seu busto.

Faleceu em 21 de dezembro de 1976.

No carnaval de 1977, o clube Vassouras O Camelo, homenageou em seu carro alegórico Nelson Ferreira. Este frevo foi gravado em 1986 em um composto duplo. Outras composições de sua autoria, Dedé, Não Puxa, Morca, O dia vem Raiando, Sabe lá o que é isso, Pernambuco, Você é meu, Cabelos Brancos, Bem-te-vi, Veneza America, Arlequim, Bloco da Vitória e tantas outras mais.

EVOCAÇÃO Nº 01 – CLAUDIONOR GERMANO

Felinto, pedro salgado, guilherme, fenelon
Cadê teus blocos famosos
Bloco das flores, andaluzas, pirilampos, apôs-fum
Dos carnavais saudosos

Na alta madrugada
O coro entoava

Do bloco a marcha-regresso
E era o sucesso dos tempos ideais
Do velho raul moraes
Adeus adeus minha gente
Que já cantamos bastante
E recife adormecia
Ficava a sonhar
Ao som da triste melodia
leo

 

Leo dos Monges

Botão RSB

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