Curiosidades Musicais: Roberto Carlos – Por Leo dos Monges

Roberto+Carlos+1972

Roberto Carlos Braga, nasceu em 19 de abril de 1941, em Cachoeiro do Itapemirim (Espírito Santo), é o quarto e último filho da família, filho do relojoeiro Robertino Braga e da costureira Laura Moreira. A família morava no bairro do Recanto, numa casa modesta, no alto de uma ladeira. Os outros membros da família eram: Lauro Roberto Braga, Carlos Alberto Braga e Norma Moreira Braga, a qual Roberto Carlos chamava carinhosamente de Norminha. “Zunca” era o seu apelido de infância, ainda menino aprendeu a tocar violão incentivado por sua mãe, que na verdade queria que ele fosse médico e piano com a professora Helena Mignone. O seu ídolo na época era Bob Nelson, um artista brasileiro que se vestia de Cowboy e cantava música “Country” em português. Foi da sua professora de colégio irmã Fausta, que ensinou Roberto Carlos quando ele tinha 8 anos, que ele recebeu de presente um medalhão com a imagem do sagrado coração de Jesus, que ela guardava a vinte anos e disse para ele que não usasse, mas guardasse como lembrança, mas ele não obedeceu, ganhou numa sexta-feira e no domingo seguinte se apresentou com o medalhão no peito o mesmo que usa até hoje.

Cantou pela primeira vez aos nove anos incentivado por sua mãe, em um programa infantil na Rádio Cachoeiro de Itapemirim. Apresentou-se cantando o bolero “Amor y más amor”. Como prêmio pelo primeiro lugar, recebeu balas. O cantor recordaria anos depois o momento, relatado na obra “Roberto Carlos em Detalhes”, de Paulo Cesar de Araújo: “Eu estava muito nervoso, mas muito contente de cantar no Rádio. Ganhei um punhado de balas, que era como o programa premiava as crianças que La se apresentavam. Foi um dia lindo”. Tornou-se então presença assídua no Programa, todos os domingos.

Durante a infância sofreu um acidente ferroviário, que feriu gravemente sua perna, que teve de ser amputada, substituída por uma prótese.

Foi em 1947 ele tinha 6 anos, Roberto Carlos perdeu um pedaço de sua perna esquerda esmagada por um trem. Era dia de São Pedro e ele subiu nos trilhos da Estação para ver melhor o desfile da parada, o som das bandas impediu que ouvisse o barulho do trem e a roda esmagou os ossos de seu pé e do começo da perna. O cantor falou sobre o acidente na canção O Divã que diz:

Relembro bem na festa, o apito

E na multidão um grito

O sangue do linho branco

A Paz de quem carregava em  seus braços quem chorava…

Aos 14 anos de idade mudou-se para Niterói no Rio de Janeiro e foi morar com uma tia. Seguindo a tendência juvenil da época, entrou em contato com um novo ritmo musical, o Rock, passou a ouvir Elvis Presley, Little Richard, Gene Vicent e Chuck Berry.

Em 1957, Arlênio Lívio, um colega de escola, levou Roberto Carlos para conhecer um grupo de amigos que se reunia na Rua do Matoso, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Lá conheceu Sebastião Maia (Tim Maia), Edson Trindade, José Roberto (China) e Welligton. Formou com Arlênio, Tim Maia, Trindade e Welligton o primeiro conjunto musical, os “Sputniks”. Certa vez, ele precisava da letra de “Hound Dog” e o grande fã de Elvis Presley daquela turma de amigos era Erasmo (Carlos) Esteves. Dessa forma, Roberto Carlos conheceu aquele que se tornaria o maior parceiro musical.

Tim Maia saiu dos Sputniks e o grupo foi desfeito. Edson Trindade, Arlênio e China formaram o grupo The Snakes, chamando Erasmo para ser Crooner. The Snakes acompanhavam tanto Roberto Carlos quanto Tim Maia, contudo ambos nunca fizeram parte do grupo, Roberto Carlos passou a se apresentar com frequência em clubes e festas. Roberto foi convidado por Carlos Imperial a se apresentar no programa musical “Clube do Rock”, da TV Tupi.

Carlos Imperial costumava apresentar Roberto Carlos como “Elvis Brasileiro” e Tim Maia como “Little Richard Brasileiro”. No final daquela época, Roberto gravou alguns compactos e iniciava sua carreira musical. Em agosto de 1959, Roberto Carlos gravou seu primeiro disco, foi um 78 RMP com duas músicas no estilo Bossa Nova (Fora de Tom e João e Maria).

O DIVÃ

Relembro a casa com varanda
Muitas flores na janela
Minha mãe lá dentro dela
Me dizia num sorriso
Mas na lágrima um aviso
Pra que eu tivesse cuidado
Na partida pro futuro
Eu ainda era puro
Mas num beijo disse adeus.

Minha casa era modesta mas
eu estava seguro
Não tinha medo de nada
Não tinha medo de escuro
Não temia trovoada
Meus irmãos à minha volta
E meu pai sempre de volta
Trazia o suor no rosto
Nenhum dinheiro no bolso
Mas trazia esperanças.

Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Por isso eu venho aqui.

Relembro bem a festa, o apito
E na multidão um grito
O sangue no linho branco
A paz de quem carregava
Em seus braços quem chorava
E no céu ainda olhava
E encontrava esperança
De um dia tão distante
Pelo menos por instantes
encontrar a paz sonhada.

Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Por isso eu venho aqui.

Eu venho aqui me deito e falo
Pra você que só escuta
Não entende a minha luta
Afinal, de que me queixo
São problemas superados
Mas o meu passado vive
Em tudo que eu faço agora
Ele está no meu presente
Mas eu apenas desabafo
Confusões da minha mente.

Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Essas recordações me matam.

Aguardem, continuaremos com mais Roberto Carlos na próxima quinta-feira do 19/12.

leo

 

Leo dos Monges

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