Quero que a entidade que é o amor se aposse de mim.
Assim: o amor puramente amor.
Sem os olhos, sem as bocas a me comerem Sem os pés a me chutarem…
sem as mãos.
Quero que o amor seja uma pele que a entidade que sou: habite.
Quero esquecer do resto. Porque depois do amor, tudo é resto.
Serei eu para o amor, e o amor para mim.
Espelhos velhos: com os nervos entrevados, com as gargantas secas com os sexos extintos.
Mas o tempo é grave, às vezes, até, prepotente.
Eu quero que a entidade que é o amor se aposse de mim.
Quero ser possesso de amor, e d’ele, jamais exorcizado.
Porque eu quero amar o mundo: as folhas secas, o maturi do cajueiro, quero amar, voraz, meu inimigo.
Vem amor, eu te invoco, eu te prometo, eu te alisto…
Destrói a guerra que sou, pisa em meu dorso, ergue-te sobre minha face languida de Deus.
Eu quero que a entidade do amor me possua: eu que tenho o coro negro eu que já nasci predestinado a servir-te.
Di Ozzi Candido é escritor e poeta,
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