A Girafa – um clube de 62 anos de história.

Foto: Divulgação/Empetur, 2004.

Ávidos por algo diferenciado e motivador para brincar o carnaval de 1950, um grupo de “corrioleiros” (amigos), teve a inusitada idéia de “roubar” a girafa alegórica usada como símbolo do Armazém Nordeste – A Girafa Tecidos (casa comercial situada na Praça da Bandeira). Discretamente a missão foi cumprida com sucesso, e o produto do ilícito sorrateiramente recolhido à Oficina Atômica, de propriedade de Zé Palito.

Reunião marcada, corriola reunida, bebidas servidas, discursos proferidos: estava fundada a Troça Carnavalesca Mista A Girafa. Oficialmente a data da fundação é 16/01/1950, como consta em Ata lavrada à época.

A primeira Diretoria ficou assim constituída:

– Presidente: José Mesquita de Freitas (Zezinho Mesquita);
– Vice-Presidente: José Augusto Férrer;
– Secretário: José Jacinto;
– Diretor Geral: José Celestino de Andrade (Zé Palito);
– Orador: Mauro Paes Barreto;
– Tesoureiro: Aluízio Férrer;
– Diretor Musical: Paulo Férrer;
– Fiscais: João Carneiro (Doido) e Hugo Costa;
– Diretor Artístico: Nivaldo Varela;
– Porta-Estandarte: Wilson Coelho (O Bruto);
– Comissão de Recepção: Donato Carneiro, José Pedro Gomes, Eliel Tavares, José Vieira (Zequinha), Rubens Costa e João Peixe.

Após o carnaval, sanadas as arestas geradas por conta de “roubo” do animal símbolo de Armazém Nordeste, ficou devidamente acordado entre as partes que a alegoria em questão, seria emprestada anualmente pela referida loja e posteriormente devolvida em perfeito estado de conservação. Anos após, a diretoria mandou confeccionar sua própria Girafa, símbolo maior e marca-registrada dos girafistas até os dias atuais. Vale enfatizar que a Girafa é a única agremiação da cidade a participar de todos os carnavais desde sua fundação.

Durante anos e já na condição de Clube, abnegados foliões conduziram os destinos da folia girafista e suas alegorias foram montadas em diversos locais da cidade, até que me 1986 foi concluída a construção do um moderno e amplo barracão, localizado à Rua Eurico Valois (Estrada Nova). O citado barracão não foi festivamente inaugurado, em face do falecimento de Dona Jura. Tão girafista quanto seu marido Mané Mizura.

As apresentações ocorriam nas manhãs de domingo e terça-feira de carnaval, saindo da Praça Félix Barreto, no Bairro do Livramento. Acordes do famoso hino e gigantesca queima de fogos sinalizavam o início de mais um desfile. Clarins anunciavam a presença do Clube na ruas da cidade e o abre-alas era composto do animal símbolo e de foliões devidamente caracterizados de Girafa. Belas e criativas fantasias compunham as alegorias, geralmente inspiradas em temas infantis. Transcorridas alguma horas, o percurso era alegremente cumprido. Novo show pirotécnico, frevo e muita confraternização, fechavam com risos e lágrimas mais um dia de exaltação à Girafa.

Três estandartes saíram às ruas da cidade durante mais de cinco décadas de existência. Inúmeras orquestras animaram os girafistas. Dentre elas: A Venenosa, 3 de Agosto e a do Maestro Seminha de Limoeiro. O hino oficial é: Exaltação à Girafa, composto por Guga Férrer (letra) e Sérgio Patury (música), gravado na voz de Babuska Valença.

Pesquisa e Texto de de Dryton Bandeira

Revivendo o Carnaval: Célio Meira se irrita com chacota.

Certa vez, uma irreverente toada fez o nosso querido e saudoso Célio Meira se retirar do tablado. Estávamos na fase aguda da primeira grande guerra e Célio era um francófilo capaz de brigar com quem tentasse, nesse particular, combater as suas ideias. Era nosso Ministro do Exterior o dr. Nilo Peçanha. Acontece que a Cambinda para, diante do tablado e ataca:

“O Doutor Nilo Peçanha
Pela Pátria brasileira,
– Mandou chamar Célio Meira
P’ra acabar com a Alemanha”.

Ceciliano não gostou da graça. Essa quadrinha foi atribuída a Samuel Campelo que, no entanto, sempre negou, Teria sido de meu pai, Joaquim de Holanda Cavalcanti. Muitas pessoas o davam como sendo o autor. Não sei…

O que sei é que a “Lagoa do Barro” lembra o Carnaval. Era lá o quartel general da folia, transformada em bosque e, à noite, com sua profusão de luzes, num vasto salão iluminado.

Até 1929, o nosso Carnaval, embora descacterizando-se cada ano, guardou esse aspecto.

Extraído da REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – Volume 6º – 1976 – Páginas 102 e 103.

Revivendo o Carnaval: O Reisado e a Igreja. (1910)

Foto: Fundação Joaquim Nabuco

Quase todos os Clubes e, notadamente os maracatus, começam a sua função na calçada da Matriz.

Em 1910, pouco antes de falecer o Monsenhor Laurino Justiniano Ferreira Douetts, Vigário da Freguesia, (que todos os sábados pagava a meu pai, seu Redator, um ano de assinatura do velho “O Lidador”), mandou colocar, na adro da Igreja, duas cadeiras para os Reis dos dois Maracatus se sentarem. E quando soube que, por isso, fora criticado, teve esta expressão luminosa: “É assim que se atrai o povo à Igreja”.

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Extraído da REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO, Volume 6º – 1976. Páginas 102.

Curiosidades vitorienses: Codigo de Posturas (1897)

Conforme havíamos postado ontem, publicaremos trechos do CODIGO DE POSTURAS do município da Vitória, datado de 1897. Os trechos foram retirados do volume 07 da revista do Instituto Histórico e Geográfico da Vitória, editada em 1977. São muitas curiosidades, que valem a pena serem disponibilizadas em nosso blog.