Curiosidades Musicais: Nelson Cavaquinho – Por Léo dos Monges

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Nelson Antonio da Silva (Nelson Cavaquinho) nasceu no Rio de Janeiro, 29 de outubro de 1911.

Casou-se aos 20 anos com Alice Ferreira Neves, sua primeira companheira, com quem teve quatro filhos.

Nesta época consegue um trabalho na polícia, fazendo rondas noturnas a cavalo.

Autor de mais de quatrocentas composições, entre elas A Flor e o Espinho, Juízo Final, Folhas Secas, Quando eu me chamar Saudade, Rugas e etc.

Nelson teve como seu principal parceiro (Guilherme de Brito), eles fizeram um pacto de só comporem juntos. Nelson era boêmio passava dias na farra e Guilherme era o oposto sempre sereno, calmo.

Quando Nelson era militar, numa noite de farra na Mangueira perdeu o próprio cavalo. Chegando no quartel o cavalo estava comendo sua ração.

“E não é que o danado tava rindo de mim” contou o compositor.

Uma vez, depois de passar três dias farrando longe de casa, ao voltar ficou sabendo que sua mãe havia falecido e já tinha sido enterrada.

Nelson vendia samba para sobreviver. Outro parceiro, (Milton Amaral), contou que fizeram um samba juntos e quando foi a editora para assinar o contato, constatou que já era o 16º autor da música.

Nelson já havia vendido o samba no mínimo 14 vezes.

A Flor E O Espinho

Paulinho Moska

Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu so errei quando juntei minh’alma a sua
O sol não pode viver perto da lua
Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu so errei quando juntei minh’alma a sua
O sol não pode viver perto da lua
É no espelho que eu vejo a minha magoa
A minha dor e os meus olhos rasos d’agua
Eu na sua vida já fui uma flor
Hoje sou espinho em seu amor

Eu so errei quando juntei minh’alma a sua
O sol não pode viver perto da lua

Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Que eu quero passar com a minha dor

 

leo

 

 

Leo dos Monges

 

Curiosidades Musicais: VALDICK SORIANO – por Léo dos Monges

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Eurípedes Waldick Soriano (Valdick Soriano), nasceu na cidade de Caetité – Bahia, em 13 de maio de 1933. Filho do comerciante Manuel Sebastião Soriano, a mãe, morreu quando ele tinha dez anos. Mas na verdade ele perdeu sua mãe quando tinha cinco anos. Ela se separou do seu pai e foi morar em São Paulo.

Valdick, trabalhou como lavrador, garimpeiro, engraxate e chofer de caminhão.

Era louco por Faroeste, uma vez um amigo falou, sabe qual é o filme que vai passar aí? Um filme com o Durango Kid, ele assistiu e se encantou. Aí, mandou fazer a roupa, comprou um óculos escuro e um cavalo parecido com o de Durango.

Seus primeiros sucessos foram: “Quem és tu”, depois veio “Tortura de Amor
“ e “Fujo de Ti”. Com “Fujo de Ti”, Valdick reebeu um prêmio por ser uma das músicas mais tocadas nos Estados Unidos.

Mas seu primeiro sucesso estorou no Nordeste. “Paixão de um Homem” e depois em todo país. Valdick, também teve duas músicas proibidas pela censura “Fujo de Ti” que ele não sabe por quê e “Tortura de Amor”, porque fala em tortura.

Tortura de Amor, foi censurada em 1974, apesar da composição ser de 1962, o Regime não tolerava que se falasse a palavra tortura.

Outro grande sucesso de Valdick Soriano foi, “Eu Não Sou Cachorro Não”. Ele foi cantar em Natal, mas o avião atrasou em Recife, e o músico dele gritou “Eu não sou cachorro não rapaz, rapaz esse vôo que não chega”.

Valdick criou a melodia da música no caminho quando chegou, pediu um caderno e escreveu a música. Esta música foi gravada em inglês macarrônico por Falcão.

Valdick Soriano, morreu no dia 04 de setembro de 2008 de câncer de próstata, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio de Janeiro.

Alguns dos grandes sucessos de Valdick:

Eu não sou cachorro não, A carta, Perfume de gardênia, Dama de Vermelho, Angústia, Tortura de amor, Quem és tu, Fujo de Ti, Paixão de um homem…

TORTURA DE AMOR (VALDICK SORIANO)


Hoje que a noite está calma
E que minh’alma esperava por ti
Apareceste afinal
Torturando este ser que te adora
Volta fica comigo
Só mais uma noite
Quero viver junto a ti
Volta meu amor
Fica comigo não me desprezes
A noite é nossa
E o meu amor pertence a ti
Hoje eu quero paz
Quero ternura em nossas vidas
Quero viver por toda vida
Pensando em ti

leo

 

Leo dos Monges

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Curiosidades Musicais: JOÃO BOSCO – por Léo dos Monges

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João Bosco de Freitas Mucci – João Bosco – nasceu no dia 13 de julho de 1946 em Ponte Nova (MG). Filho de Dona Lilá e Sr. Daniel.

A mãe tocava piano e violino, com a irmã que era Cronner no clube de Ponte Nova.

Aos 12 anos, Bosco, formou uma banda para tocar Elvis e Little Richard. O nome era X-Gare, mais tarde chamada de Charm Boys.

No inicio de sua carreira musical, tevee como influência o Jazz, Bossa Nova e Tropicalismo. Em 1967, ingressa no curso de Engenharia Civil em Ouro Preto (MG), formou-se como Engenheiro em 1972, curso que Bosco nunca exerceu profissionalmente.

Em 1967, conheceu o poeta Vinícius de Moraes na Casa do pintor Carlos Sciliar, com Vinicius compôs várias músicas, entre elas: Rosa dos Ventos, Samba do Pouso, o Mergulhador.

Em 1969, ficou interessado no trabalho do Poeta Aldir Black, assistindo Aldair pela televisão no Festival.

Em 1970, conheceu Aldir, quando passava férias no Rio de Janeiro. Daí, começou uma parceria a distância, Aldir no Rio e Bosco em Ouro Preto. Aldir e Bosco tornam-se parceiros em mais uma centena de música.

Em 1972, conhece a cantora Elis Regina, que grava a música Bala com Bala, da dupla Bosco/Aldir. Em 1973, mudou-se para o Rio de Janeiro e grava seu primeiro LP pela RCA Vitor, tocando violão e cantando a música da dupla, entre elas: Bala com Bala e Cabaré.

Em 1974 o LP de Elis Regina contém mais músicas da dupla: Dois Pra Lá – Dois Pra cá, O Mestre Sala dos Mares e Caça e Raposa.

Entre vários sucessos desse grande cantor e compositor, podemos citar:

Papel Marchê, Kid cavaquinho, Que Maravilha, O Mestre Sala dos Mares, Dois Pra Lá – Dois Prá cá, Agnus Sei, O Bêbado e o Equilibrista…

O BÊBADO E O EQUILIBRISTA – ELIS REGINA

Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos

A lua tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel

E nuvens lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Pra noite do Brasil
Meu Brasil!

Que sonha com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora
A nossa Pátria mãe gentil
Choram Marias e Clarisses
No solo do Brasil

Mas sei que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança
Dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar

Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar

leo

 

Leo dos Monges

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LÉO DOS MONGES: SABE TUDO DE MÚSICA…

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Hoje, 09 de maio, de maneira excepcional estamos postando a  matéria, rotineiramente exposta nos dias de quinta-feira, relativa à coluna do nosso blog intitulada: CURIOSIDADES MUSICAIS. Está coluna, é assinada pelo amigo Léo dos  Monges, que convenhamos, é um  apaixonado por música e conhecedor do tema como poucos.

O surgimento desta coluna – Curiosidades Musicais – foi meio que por acaso. Em certa ocasião, estávamos um sábado a tarde, – Léo, Nininho e eu – no encontro dos amantes da boa música que acontece no Restaurante Varanda do Tadeu, quando fizemos uma espécie de gincana  do tipo: “qual é a música”, e Léo foi o campeão disparado. Sendo assim propomos à ele uma coluna semanal aqui no blog.

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Pois bem, no dia de hoje a referida coluna está completando exatamente um ano. O que vou dizer agora, até parece brincadeira, mas não é. A conjunção do alto fluxo do blog do Pilako na Rede Mundial de Computadores e a qualidade no conteúdo dos artigos de Léo, o fez virar, neste período, UMA CELEBRIDADE NACIONAL.

Para confirmar o que digo, basta o internauta neste momento pesquisar no Google – maior sistema de busca  do mundo – para se deparar, na primeira página, como a foto do nosso amigo e colunista Léo dos Monges.

Para comemorar a auspiciosa data, Léo,  de maneira oportuna, nos brinda hoje com história da famosa música PARABÉNS PRÁ VOCÊ.

Hoje, dia 09 de maio de 2014, estamos comemorando um ano da Coluna “Curiosidades Musicais”. A todos vocês que nos acompanham um grande abraço.

Léo dos Monges

leo

PARABÉNS A VOCÊ

No dia de hoje no Brasil, 400.000 pessoas estão aniversariando. Em um país como o nosso, de enormes desigualdades sociais, é bem provável que todas essas celebrações tenham uma única coisa em comum: a música Parabéns a Você. Ela é com certeza e com folga, a melodia mais conhecida e mais cantada no país em todos os tempos, e dificilmente algum dia terá uma concorrente à altura.

Sua história começa nos Estados Unidos, em 1875. Duas professoras primárias da cidade de Louisville, no Estado de Kentucky, as irmãs Mildred e Patricia Smith Hill, resolveram compor uma quadrinha para seus alunos cantarem quando chegassem à escola, pela manhã. O resultado foi good Morning To All (Bom dia para Todos), uma simples e despretensiosa melodia em que o título era também a letra inteira, repetida quatro vezes em tons levemente diferentes.

Meio século mais tarde, em 1924, uma editora musical americana lançou um livro de partituras, o Celebration Songs. Como na época nã havia uma música própria para ser tocada em aniversários, a editora “emprestou’  a melodia das irmãs Smith Hill e reabatizou-a como Happy Birthday To you (Feliz Aniversário Para Você). De novo, quase nada aconteceu. Mas, nove anos depois, em 1933, a canção foi usada como tema de uma Peça teatral na Broadway, em Nova York, não por acaso intitulada Hapyy Birthday To You.

A música se espalhou pelo mundo e chegou ao Brasil no final da década de 30. Aqui era cantada nas festinhas das famílias abonadas, em inglês mesmo. A letra original tinha apenas uma frase, Happy Birthday To you, repetida quatro vezes, sendo que, na terceira linha, o To You era substituído por um Dear, mais nome do aniversariante. Só que tinha alguém que não estava achando graça nenhuma naquela invasão musical alienígena. Era o cantor Almirante, pseudônimo de Henrique Foréis Domingues, que também apresentava, na Rádio Tupi do Rio de Janeiro, um programa de grande audiência sobre música brasileira. Nacionalista fervoroso, Almirante se sentia incomodado com algumas coisas de Brasileiro ficar enrolando a língua e, em 1942, decidiu promover um concurso para escolher uma letra “mais nossa” para a melodia americana.

Umas das 5.000 cartas que chegaram à Rádio Tupi veio da cidade Paulista de Pindamonhamgaba, no Vale do Paraíba, SP. Foi escrita em apenas cinco minutos por Bertha Celeste Homem de Melo, filha única de um casal de fazendeiros, formada em farmácia, casada e mãe de uma filha. O júri encarregado da escolha era composto por membros da Academia Brasileira de Letras: Olegário Mariano, Cassiano Ricardo e Múcio Leão, e os três se encantaram com o versinho de Bertha Celesta, por dois motivos: era um dos poucos que tinha quatro linhas diferentes (a maioria preferiu repetir a mesma frase quatro vezes). Dava de goleada até na letra original…

Bertha Celeste tinha 40 anos quando escreveu a quadrinha de Parabéns a Você. Depois de se tornar conhecida em todo Brasil, Doutorou-se em Letras e dedicou-se à poesia (A coletânea de sua obra está no livro Devaneios). Aos 54 anos de idade moudou-se para a cidade de Jacareí, onde lecionou por mais dez anos e onde viria a felecer em agosto de 1999, aos 97 anos, de Pneumonia. Além de passar boa parte da vida contando a história de seu famoso verso, Bertha insistia para que as pessoas o cantassem direito. Quem canta – como muita gente faz – “Parabéns prá você, Nessa data querida, Muitas felicidades, Muitos anos de vida”, está cometendo três erros (gravíssimos, assevera Dona Bertha): Na primeira linha, o certo é “Parabéns a você, na segunda, o correto é “Nesta” e não “Nessa” e, na terceira, “Muita Felicidade” é singular e não plural. Ah, e aquela coisa de “É pique-pique-pique, é hora, é hora, é hora, depois do “Parabéns à Você” não tem nada a ver nem com a melodia original, nem com Dona Bertha. Poetisa de respeito, ela jamais escreveria uma barbaridade dessas…

Fonte: MAX GEHRINGER

Para também marcar a data, a partir da próxima sexta (16) o amigo Léo assinará, sem abrir mão da sua  já consagrada Curiosidades Musicais, uma nova coluna aqui no blog que se chamará: PALINHA DO LÉO DOS MONGES.  Estamos aguardando a novidade.

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Curiosidades Musicais: ZÉ KETI – por Léo dos Monges

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José Flores de Jesus (Zé Kéti), nasceu no dia 16 de setembro de 1921 no bairro de Inhaúma no Rio de Janeiro, mas só foi registrado no dia 06 de outubro de 1921.

– Meu pai morreu quando eu tinha três anos, ele era superticioso pra burro. Não tomava café na casa de ninguém, pessoa conhecida ou desconhecida, com medo de algum feitoço.

Depõe a mãe de José Flores:

– Depois que o pai de Zé morreu, eu fui trabalhar, primeiro na fábrica de tecidos em Bangu e depois como doméstica, em casa de família. Como eu não podia levar o menino comigo, deixava ele na casa da vizinha.

José Flores:

– Mas um dia ele foi com minha mãe visitar uma ex-noiva dele. Lá, ele marcou bobeira e tomou um cafezinho. E nesse cafezinho tinha um pó-de-joana, uma mandinga qualquer. Quando ele saiu da casa da ex-noiva, ja começou a ver coisa. Em casa ele pegava um garfo ou uma faca e atacava a própria sombra, dizendo que era uma pessoa que seguia ele. Por causa disso ele foi arrastado uma vez por um Bonde de perdeu um pé debaixo de um trem, lá na estação de Dona Clara, onde agente morava. Depois disso ele foi pro hospício e morreu louco.

Outra vez a mãe:

– Quando eu voltava, sempre perguntava: “Como é, o Zé ficou quietinho?” De Zé quietinho, passou pra Zé Quieto, depois Zé Quéti. Daí teve uma época em que a letra K no começo do nome estava na moda.

Tinha Kennedy, Kubitschek, Kruschev. Estava dando sorte. Daí o Zé passou a escrever com K também. E foi em 1924, que ele passou a ser conhecido por Zé Kéti.

Em 1924, foi morar em Bangu na casa do avô, o Flautista e Pianista João Dionisio de Santana, o avõ costumava promover reuniões musicais em casa – rodas que varavam a noite e das quais participavam nome que viriam a ser muito famosos na História da música popular Brasileira. Compositores da estatura de Pixinguinha ou de um Cândido “Índio” das Neves.

Depois que o pai morreu, sua mãe casou de novo, dando a Zé Kéti um padrasto que queria que ele estudasse.

– Ele queria que eu fosse Doutor, Dentista. Mas eu não quis bancar o Tiradentes, fiz até o quinto ano e depois preferi trabalhar: Fui ser operário na fábrica de calçados Fox.

Zé Kéti esteve pela primeira vez no Legendário Café Nice em 1939: com Luis Soberano, autor de Não me Diga Adeus. O Nice era na época o ponto de reunião da vida artística do Rio.

Zé Kéti, começou a atuar na década de 1940, na ala dos compositores de Escola de Samba Portela. Entre 1940 e 1943, compôs sua primeira marcha “Se o Feio Doesse” em 1946. “Tio Sam no Samba” foi o primeiro samba de sua autoria gravado pelo grupo Vocalistas Tropicais. Em 1955, um grande sucesso de Zé Keti, “A Voz do Morro”, gravado por Jorge Goulart e com arranjo de Radamés Gnattali, fez um enorme sucesso na trilha do filme (Rio 40 Graus) de Nelson Pereira dos Santos.

Zé Kéti participou das atividades musicais do Zi Cartola, Restaurante de Cartola e Dona Zica, do qual foi diretor musical. O Zi Cartola atraía sambista, intelectuais e a burguesia da Zona Sul Carioca. Alí conheceu Carlos Lyra, com quem compôs “Samba da Legalidade”, apresentando estes a Nelson Cavaquinho, Élton Medeiros e outros sambistas. Com este grupo participou também da luta pelos direitos autorais.

Nara Leão, que conheceu Zé Kéti no Zi Cartola, gravou “Diz que Fui por aí”, em seu primeiro disco solo.

Zé Kéti recebeu o troféu Euterpe como melhor compositor Carioca e com Nelson Cavaquinho, o troféu O Guarany, como melhor compositor Brasileiro.

Autor de várias composições de sucesso, tais como: Opinião, Acender as Velas, A Voz do Morro, Máscara Negra, Diz que Fui por aí, Leviana, Samba da Legalidade, Nega Diva, Jaqueira da Portela e tantas outras.

Zé Kéti faleceu no Rio de Janeiro no dia 14 de novembro de 1999.

DIZ QUE FUI POR AÍ – (ZECA PAGODINHO)

Se alguém perguntar por mim 
Diz que fui por aí 
Levando o violão embaixo do braço 
Em qualquer esquina eu paro 
Em qualquer botequim eu entro 
Se houver motivo 
É mais um samba que eu faço 
Se quiserem saber se volto 
Diga que sim 
Mas só depois que a saudade se afastar de mim 
Mas só depois que a saudade se afastar de mim 

Tenho um violão para me acompanhar 
Tenho muitos amigos, eu sou popular 
Tenho a madrugada como companheira 
A saudade me dói, o meu peito me rói 
Eu estou na cidade, eu estou na favela 
Eu estou por aí 
Sempre pensando nela

leo

 

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Curiosidades Musicais: ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO – por Léo dos Monges

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A oração da Paz, também conhecida como oração de São Francisco, é uma canção de origem anônima que costuma ser atribuída a São Francisco de Assis. foi escrita no início do século XX, tendo aparecido inicialmente em 1912 num Boletim Espiritual em Paris, França.

Existem várias adaptaçãoes desta canção.
A primeira, intitulada oração de São Francisco foi em 1968 pelo Padre Paraguaio Irala. É a mais fiel à letra em português e também a mais popular no Brasil.

Gravada por vários artistas, entre eles: Raimundo Fagner, Ana Carolina, Adriana Arydes, Carmélia Alves, Astúlio Nunes, também pelos padres Fábio, Padre Zeca, Marcelo Rossi…

ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO – FAGNER

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Curiosidades Musicais: BIDE E MARÇAL – por Leo dos Monges

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Alcebíades Maia Barcelos (Bide), nasceu em 27 de julho de 1902 em Niterói (RJ). Em 1908, a família transferiu-se para o Rio de Janeiro, para o Bairro do Estácio de Sá. Ali ainda jovem, foi trabalhar como sapateiro em uma fábrica. Na década de 1920, junto com o irmão, Rubem Barcelos, frequentava constantemente as rodas de samba do Estácio, lá conheceram sambistas como Baiaco, Brancura e Ismael Silva. Faleceu em 18 de março de 1975 no Rio de Janeiro.

Armando Vieira Marçal (Marçal), nasceu em 14 de outubro de 1902, no Rio de Janeiro.

Compositor, ritmista. Pai do percussionista Mestre Marçal. De família humilde, teve dificuldades na infância, chegando a nem sequer cursar o primário. Trabalhou como lustrador de móveis, trabalhou também em vários hotéis no Rio de Janeiro. Faleceu em 20 de junho de 1947 no escritório da Vitor, vítima de um infarto fulminante.

Bide também compôs com outros parceiros como: Noel Rosa, Benedito Lacerda, João da Baiana, João de Barros, Ataulfo Alves entre outros.

A dupla dinâmica Bide e Marçal compuseram vários sucessos como: Que Bate fundo é esse, Silêncio, Sorrir, Madalena, Você foi embora, A Primeira Vez, Meu Primeiro Amor, Agora é Cinzas…

Agora é Cinzas, um dos maiores sambas já composto até os dias de hoje.

Música lançada nos ensaios da Escola de Samba Recreio de Ramos, da qual Marçal era vice-presidente, para o Carnaval de 1933 com o título de “Tu Partiste”, mas foi modificada pelo parceiro Bide, tendo ficado com nome “Agora é Cinzas”.

AGORA É CINZAS – Mestre Marçal


Você partiu
saudade me deixou
Eu chorei
O nosso amor foi uma chama
Que o sopro do passado desfaz
Agora é cinza
Tudo acabado
E nada mais

Você partiu de madrugada
Não me disse nada
Isso não se faz
Me deixou cheio de saudade e de paixão
Não me conformo com a sua ingratidão

leo

 

Leo dos Monges

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Curiosidades Musicais: Braguinha ou João de Barros – por Léo dos Monges

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Carlos Alberto Ferreira Braga (Braguinha ou João de Barros), nasceu no Rio de Janeiro, a 29 de março de 1907, filho de um casal de classe média, Carlinhos, como era chamado na família, passou a adolescência em Vila Isabel, onde seu pai era diretor da fábrica de tecidos confiança. No colégio Batista conheceu o violonista Henrique Brito e dessa amizade nasceu o interesse pela música, fazendo com que, aos 16 anos, ele criasse a letra e a música de Vestidinho Encarnado, composta para a garota Guilmar, do colégio Batista. A menina sempre ia de vestido vermelho e isso bastou para que o galante Carlos Braga lhe fizesse esta música. Em 1928, Braguinha formou o grupo (Flor do Tempo), integrado também por Henrique Brito, Alvinho, Noel Rosa e Almirante, que passou a se apresentar em casas de amigos e clubes. No ano seguinte, com o nome de (Bando dos Tangarás), o grupo gravou 19 músicas, sendo 15 de autoria de Braguinha. Para não usar o nome de família, Braguinha, que nessa época estudava Arquitetura, escolheu o pseudônimo de João de Barrro. O Bando dos Tangarás – aos quais se juntou Noel Rosa – desfez-se em 1933. No ano seguinte, João de Barros conheceu duas pessoas que marcariam sua carreira: Alberto Ribeiro, seu maior parceiro e Wallace Downey, um americano que o conduziu a indústria do cinema e dos discos. Braguinha foi roteirista e assistente de direção em filmes da Cinédia. Com Alberto Ribeiro, escreveu argumentos e composições para trilha sonora de filmes como “Alô, Alô, Brasil” e “Estudantes” cuja personagem principal foi interpretada por Carmem Miranda. Atuou como diretor artístico da gravadora Columbia, no Rio de Janeiro, ao mesmo tempo que compunha sucessos como o inesquecível “Carinhoso” (1937, com Pixinguinha) e “Sonhos Azuis” (1936, com Alberto Ribeiro).

Em 1938, casou-se com Astréa Rabelo Cantolino. Haviam se conhecido graças a interferência de um funcionário da fábrica de tecidos Confiança, onde o pai do compositor era o “gerente impertinente que dá ordens a você”, da música Três Apitos, de Noel Rosa. Em 1939, nasceu Maria Cecília a filha única.

No ano do casamento a dupla Braguinha e Alberto Ribeiro inscreveu Touradas em Madri (Composta em 1937) num concurso. A música foi classificada em primeiro lugar, mas logo os outros concorrentes, começaram a alegar tratar-se de pasodoble e não marcha. Anulou-se o concurso.

– Ensina esse Espanhol a cantar!

O homem pálido, afundado na cadeira cativa, é o mais emocionado entre os torcedores que superlotam o Maracanã. O Brasil acabara de marcar o quarto gol contra a Espanha.

– A temível Espanha que ameaçara esmagar a seleção Brasileira no campeonato Mundial de futebol, em 1950.

– Olha como esse cara ta quieto. Só pode ser Espanhol…

Mais um gol e coro gigantesco recomeça:

“Eu fui às touradas em Madri

Paraná – tchim – bum – bum – bum

Paraná – tchim – bum – bum – bum

E quase não volto mais aqui

Pra ver Peri

Beijar Ceci”.

Então o ocupante daquela cadeira cativa não consegue mais se conter e chora. E, quando a enorme torcida festeja a vitória final, o “Espanhol” Carlos Alberto Ferreira Braga, ainda está chorando: a música com que 200 mil brasileiros gozam o time espanhol foi composta por Alberto Ribeiro e ele. Ele, o único que naquele momento não consegue cantar de tanta emoção.

– Quando componho com o Alcyr, que não é letrista, então ele faz músicas inteiras, como Laura, e eu faço as letras. A mesma coisa aconteceu com Carinhoso: A música inteira é de Pixinguinha, e eu fiz a letra. Copacabana, música feita sob encomendada de Wallace Downey para o filme homônimo, devido a um mal entendido acabou não sendo incluída na película.

Segundo Alberto Ribeiro, Copacabana foi composta às pressas e sem maiores pretensões. A dupla aproveitou a melodia de seu Fox-canção era uma vez, lançado alguns anos antes e que não conseguira sucesso. A gravação aqui apresentada foi feita por um estreante em discos, na época: Farnésio Dutra, conhecido artisticamente como Dick Farney. Ele tinha feito, até então, apenas quatro gravações de músicas americanas. Ao gravar Copacabana, Farney manteve a entonação de “Crooner” de música popular Norte-americana, acompanhado de grande Orquestra de Cordas e sem um pandeiro como marcação de ritmo. O resultado foi extraordinário  e o samba, intérprete e acompanhamento passaram a constituir modelo de sofisticação para a música popular brasileira.

COPACABANA – (DICK FARNEY)

Existem praias tão lindas, cheias de luz
Nenhuma tem o encanto que tu possuis
Tuas areias, teu céu tão lindo
Tuas sereias sempre sorrindo

Copacabana, princesinha do mar
Pelas manhãs tu és a vida a cantar
E a tardinha ao sol poente
Deixa sempre uma saudade na gente

Copacabana, o mar eterno cantor
Ao te beijar ficou perdido de amor
E hoje vive a murmurar:
“Só a ti, Copacabana, eu hei de amar”

leo

 

Leo dos Monges

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Curiosidades musicais: BILLY BLANCO

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Willian Blanco Abrunhosa Trindade (Billy Blanco) nasceu, 08 de maio de 1924 – Belém (PA).

Arquiteto, músico, compositor e escritor.

Pioneiro na transição entre o samba-canção e a Bossa Nova. A Bossa Nova que é ainda hoje o gênero musical brasileiro mais conhecido no exterior.

Billy Blanco, parceiro de Tom Jobim em “Tereza da Praia”, a antológica gravação que proporcionou o encontro musical dos (desafetos) entre Lúcio Alves e Dick Farney. E, uma época em que ambos tinham fã-clubes que rivalizavam entre si, a composição de Billy e Tom foi gravada como um saboroso diálogo, em que se reproduzia a animosidade mais ingênua e bem-humorada que se possa imaginar. “É a minha Tereeeza da praia…”, cantava Lúcio, ainda com marcantes resquícios do vozeirão samba-canção. A influência musical de Billy Blanco, citada por ele. Foi Noel Rosa, cujos sambas, na voz de Aracy de Almeida, podiam ser ouvidos pelo rádio na maior parte do país.

Em 1943, aos 19 anos Billy partiu de Belém rumo a São Paulo, conquistando a benção do pai com pretexto de cursar Arquitetura no Mackenzie. Verdadeiro plano: fazer sucesso como compositor e sucesso de fato, naquela época, só em terras Cariocas, para onde o jovem se transferiu ao terminar o terceiro ano do curso superior que, após concluído, chegou a lhe render um bom dinheiro. “Vim para o Rio para ser compositor popular. Mas precisava de um motivo. Meu pai me ajudava a pagar a faculdade e eu tocava à nos cabarés”. Relembrou o músico em entrevista do lançamento pela Biscoito Fino.

“Ao escrever, pretendo que as canções sejam cantadas por qualquer pessoa em qualquer tempo. Não componho especificamente para uma só voz ou para um só Tom. Quero que minhas canções signifiquem algo em qualquer tempo, sem ser saudosista. Música é para unir gerações, contar histórias das velhas para as novas”, diz Billy.

Parceiros; Baden Powell, Tom Jobim, João Gilberto e Sebastião Tapajós e outros compositores.

Sucessos como: Sinfonia Paulista, O Morro, Estatuto de Gafieira, Tereza da Praia, Pra Variar (sua primeira composição em 1951), Samba Triste, Viva meu Samba, Sinfonia do Rio de Janeiro, Piston de Gafieira…

Faleceu no dia 08 de julho de 2011, aos 87 anos no Rio de Janeiro. O Jornal  Inverta entrevistou Billy em sua edição nº 65 – de 10 a 15/12/1995 quando se comemorava os 35 anos de Bossa Nova.

Inverta – Como surgiu Piston de Gafieira?

Billy – É um Piston tocado na Gafieira que quebrou um galho, um pau que comeu e o Pistonista tirou a surdina  e eu, frequentando as Gafieiras, primeiro como músico profissional, depois com participante, eu vou muito lá, imaginei uma situação de Gafieira e com base inclusive numa frase “quem está de fora não entra”. Isso surgiu quando, às seis e meia da tarde, eu ia entrando a loja de uma amigo, Antonio Sadi, que estava baixan-do a grade e disse que eu esperasse um pouquinho, que eu esperasse um mo-mento até abrir uma portinha para que eu entrasse; antes porém brincou dizendo. “Quem está de fora não entra” e eu res-pondi, “quem está dentro não sai”. Ele disse: “Isso da samba”, e eu fui para o balcão e comecei o samba. Fui escre-vendo para casa e, quando cheguei, o samba estava pronto.

PISTON DE GAFIEIRA (MILTON CARLOS).

Na gafieira segue o baile calmamente
Com muita gente dando volta no salão
Tudo vai bem, mais eis porém que de repente
Um pé subiu e alguém de cara foi ao chão

Não é que o Doca é um crioulo comportado
Ficou tarado quando viu a Dagmar
Toda soltinha dentro de um vestido saco
Tendo ao lado um cara fraco, foi tirá-la pra dançar

O moço era faixa preta simplesmente
E fez o Doca rebolar sem bambolê
A porta fecha enquanto o duro vai não vai
Quem está fora não entra
Quem está dentro não sai

Mas a orquestra sempre toma providência
Tocando alto pra polícia não manjar
E nessa altura como parte da rotina
O pistom tira a surdina
E põe as coisas no lugar

leo

 

Leo dos Monges

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Curiosidades Musicais: Dorival Caymmi

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Dorival Caymmi, nasceu em Salvador na Bahia, 30 de abril de 1914. Poeta, pintor e autor, filho de Durval Henrique Caymmi e Aurelina Soares Caymmi. Seu pai era funcionário público e músico amador, tocava piano, violão e bandolim. A mãe, dona de casa, mestiça de portugueses e africanos. Em 30 de abril de 1940, Caymmi completou 26 anos e casou-se com a cantora miniera Stella Maris nome artístico de Adelaide Tostes, com quem teve 3 filhos. Todos cantores: Dori Caymmi, Nana Caymmi e Danilo Caymmi.

Caymmi era descendente de Italianos pelo lado paterno, iniciou sua atividade como músico ainda criança, ouvindo parentes ao piano.

Em 1930 escreveu sua primeira música: no sertão, o primeiro grande sucesso: O que é que a Baiana tem? Cantada por Carmem Miranda em 1939, não só marca o começo da carreira internacional da pequena notável vestida de Baiana, mas influenciou também a música popular dentro do Brasil.

Aos treze anos, Dorival interrompe os estudos e começa a trabalhar em uma redação de jornal “O Imparcial”, como auxiliar.  Com o fechamento do jornal em 1929, torna-se vendedor de bebidas. Com quase 24 anos, Dorival achou que para vencer na vida precisava abandonar as praias, o sol e o sossego da província pela agitação de São Paulo ou Rio, ao amigo ocasional de viagem conta indignado como esperou dois anos pela nomeação para a Coletoria,onde tirara em segundo lugar no concurso.

– E o emprego de vendedor?

Dorival solta uma gostosa gargalhada. Não tinha a menor vontade e vocação para o comércio. Acontece que Zezinho, um amigo de infância (José Rodrigo de Oliveira), não dava conta do serviço e entregou-lhe algumas coisas para vender. Uns barbantes, uns fios, mas não conseguiu vender uma cordinha sequer. Depois vieram umas garrafas – pasta com garrafa pesa como o diabo! – mas ninguém queria saber das bebidas, como desconfiassem que eram falsificadas, Zezinho sugeriu que abrisse uma para experimentar. Abriram uma, abriram outra, apareceram mais “provadores”, lá se foi a amostra. E o emprego…

Autor de várias músicas entre elas: Maracangalha, Doralice, O que é que a Baiana tem?, João Valentão, Oração de Mãe Menininha, Samba da Minha Terra, Modinha pra Gabriela, Saudade da Bahia, Marina…

Foi o menino Dori que inspirou Marina. Em 1947, ele tinha quatro anos e vivia dizendo “Tô de mal, Tô de mal”. A partir daí surgiu a história de Marina. A moça que se pintou. “Desculpe. Marina morena. Mas eu tô de mal”.

Dorival Caymmi faleceu em sua casa às seis horas da manhã, no dia 16 de janeiro de 2008, de insuficiência renal.

MARINA – (DICK FARNEY)

Marina morena Marina você se pintou
Marina você faça tudo mas faça um favor
Não pinte esse rosto que eu gosto
E que é só meu
Marina você já é bonita com que Deus lhe deu

Me aborreci me zanguei
Já não posso falar
E quando eu me zango Marina
Não sei perdoar

Eu já desculpei muita coisa
Você não arranjava outro igual
Desculpe Marina morena
Mas estou de mal
De mal com você de mal com você

leo

 

Leo dos Monges

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Curiosidades Musicais: ARY BARROSO

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Ary de Resende Barroso (Ary Barroso) nasceu em Ubá – Minas Gerais, 07 de novembro de 1903. Filho do deputado estadual e promotor público João Evangelista Barroso e Angelina de Resende Barroso. Aos seis anos perdeu a mãe, vítima de tuberculose aos 22 anos. O pai Dr. João Evangelista, duas semanas depois sucumbiu à mesma doença. Ary guardaria para toda a vida um grande medo da tuberculose. Órfão de pai e mãe foi morar com a avó materna, Dona Gabriela Augusta de Resende e tia Ritinha (Rita Margarida de Resende). Dona Gabriela e tia Ritinha eram muito religiosas e queriam que Ary se tornasse padre. Conseguiram até que ele aprendesse a ajudar na missa, mas não puderam evitar que, numa noite, ele entrasse na igreja e amarrasse a corda do sino na cauda de um cavalo que mansamente pastava no campinho e o animal deu alegres badaladas enquanto espantava as muriçocas com o rabo…

Estudou teoria, solfejo e piano com tia Ritinha e com doze anos já trabalhava com a tia como auxiliar no piano no cinema ideal.

Em 1920, com o falecimento do tio Sabino Barroso, ex-ministro da Fazenda, recebeu dele uma herança de quarenta contos de réis. Ary arranjou uma noiva que não agradava a família e estava disposto a casar. Ary era teimoso; não casou, cedendo à pressão familiar, mas abandonou Ubá, viajando para o Rio de Janeiro em 1921. Com a noiva Ivone teve os filhos: Flávio Rubens e Mariúza. Morando em pensão de luxo, a vida estava fácil para o jovem Ary. Mas os melhores restaurantes, as melhores bebidas, as roupas mais elegantes acabaram com a herança. Não havia alternativa. Ary teria que trabalhar. Ainda bem que tia Ritinha insistira com suas aulas de piano. Como nos tempos de Ubá, Ary voltou a fazer o fundo musical para os filmes mudos. Das 2 as 6 no cinema Íris; 8 as 10 no Odeon. O esforço rendia-lhe 24$000 por dia, uma pequena fortuna na época.

Era 1932 e Ary Barroso ingressava na Rádio Philips a convite de Renato Murce. A princípio como simples pianista, logo se tornaria locutor, humorista, animador e locutor esportivo. Os programas de calouros de Ary ficaram famosos pelos disparates que os candidatos diziam. E pelo gongo, inovação de Ary que, no princípio, quando o programa começou na Rádio Cruzeiro do Sul (1937), era um sino, Ary brincava com os calouros, fazendo os ouvintes se divertirem com os absurdos ditos ao microfone. Quando passou para Tupi, instituiu o gongo, que era tocado pelo auxiliar de portaria da Rádio, Macalé. O calouro desafinava e Ary fazia um discreto gesto e Macalé já sabia: Gongo nele!

Ary Barroso também era locutor esportivo. Torcedor confesso do flamengo, torcia descaradamente a favor do seu time do coração, nas transmissões que eram feitas pelo rádio, ele se recusava a narrar o gol do time adversário.

Autor de várias músicas como: Aquarela do Brasil, Na Baixa do Sapateiro, Os Quindins de Iaiá, Risque, no Rancho Fundo, Faceira, Morena Boca de Ouro, No Tabuleiro da Baiana, É Luxo Só e tantas outras.

A avenida está colorida de luzes e fantasias. A batida dos tamborins abafa o vozerio da multidão. O suor escorre no rosto sorridente dos sambistas. É carnaval, é domingo, 9 de fevereiro de 1964.

Os diretores da escola de samba Império Serrano correm de lá pra cá tentando reunir o pessoal. Está quase na hora de entrarem na avenida. Aproxima-se o momento decisivo do desfile diante do público e da comissão julgadora. São mais de 2 mil figurantes espalhados na multidão, que é preciso distribuir, ordenar. Uma baiana conversa com um índio. O marquês come tranquilamente seu cachorro-quente. As damas da corte não descobrem maneira de descansar sem estragar os imensos e rendados vestidos.

As alas se misturam, alguns não sabem seu lugar na sequência de quadros. E os diretores frenéticos, pra lá e pra cá, que a hora se aproxima. A turma da “cozinha” cantarola a música do enredo:

“Vejam esta maravilha de cenário é um episódio relicário, que o artista, num sonho genial escolheu para este carnaval. E o asfalto, como passarela será a tela do Brasil em forma de aquarela”…

Aquarela do Brasil chama-se o enredo. Como o famoso samba de Ary Barroso, procura exaltar as belezas e grandezas do país. É um samba-exaltação, como o de Ary Barroso. O desfile da Império Serrano não deixará de ser uma homenagem as compositor brasileiro mais conhecido no país e no exterior.

Quase 11 horas, a escola finalmente está pronta para desfilar. Soam os primeiros surdos. Ensaiam-se os primeiros passos de repente, silêncio. Ficam todos atarantados, ninguém sabe o que fazer; a notícia caiu como um raio: “Ary Barroso morreu”.

Domingo, 9 de fevereiro de 1964, 21:50hs: Ary Barroso morreu de cirrose hepática decorrente do alcoolismo.

A notícia espalha-se de norte a sul, paralisa bailes, silencia foliões, abala o país. Por um momento os tamborins se calam, a multidão se entreolha. A escola de samba Império Serrano hesita em entrar na avenida.

Mas o carnaval não deve parar. Os bailes prosseguem, o povo dança e na avenida a escola desfila a sua Aquarela Brasileira.

É preciso cantar para vencer o silêncio da morte.

AQUARELA DO BRASIL – GAL COSTA

Brasil!
Meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
O Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar
O Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Pra mim! Pra mim, pra mim

Ah! abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Brasil! Pra mim!

Deixa cantar de novo o trovador
A merencória luz da lua
Toda canção do meu amor

Quero ver a sá dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil! Pra mim, pra mim, pra mim!

Brasil!
Terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiscreto
O Brasil, samba que dá
bamboleio que faz gingar
O Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Pra mim, pra mim, pra mim

Oh esse coqueiro que dá coco
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil! Pra mim

Ah! ouve estas fontes murmurantes
Aonde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar
Ah! esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil! Pra mim, pra mim! Brasil!
Brasil! Pra mim, pra mim! Brasil!, Brasil!

leo

 

Leo dos Monges

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Curiosidades Musicais: NELSON FERREIRA

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Nelson Heráclito Alves Ferreira (Nelson Ferreira), o “Moreno Bom”, como era carinhosamente apelidado, nasceu em 09 de dezembro de 1902 na cidade de Bonito –PE, filho do vendedor de joias e violonista amador e de professora  primaria. Aprendeu violão, piano e violino e já aos 14 anos compôs sua primeira música, a Valsa Vitória, a pedido da companhia de seguros Vitalícia Pernambucana. Daí em diante, mais Valsas, Foxes, Tangos, canções, vindo a especializar-se no Frevo. Ainda jovem tocando em pensões alegres, cafés, saraus e nos famosos cinemas Royal e Moderno do Recife. Foi o pianista mais ouvido na época do cinema mudo. Nos primeiros anos do rádio foi convidado pelo pioneiro Oscar Moreira Pinto para ser o diretor artístico da Rádio Clube de Pernambuco, onde, além de compor, fundou vários grupos e orquestras e apresentou os mais variados programas, atingindo, com seu talento e versatilidade, todas as camadas sociais. Formou a partir dos anos 40 uma orquestra de frevos, cuja a fama extrapolou as fronteiras pernambucanas, conseguindo sucesso nacional. Também foi homem de disco, na função de diretor-artístico da fábrica Rosenblit, Selo Mocambo, instalada nos anos 50 no Recife, até então a única gravadora fora do eixo Rio – São Paulo. Nelson Ferreira é um dos nordestinos com maior numero de músicas gravadas dentro da discografia nacional, embora grande parte delas, no entanto, restringiu-se a Pernambuco e ao restante do Nordeste. Sua primeira composição gravada foi “Borboleta não é Ave”, em parceria J. Borges pela gravadora Odeon, em 1923 pelo grupo do Pimentel, como samba e pelo cantor baiano, como marcha.

A composição mais famosa, um frevo de bloco, foi “Evocação nº 1”, a primeira das 7 evocações composta por ele, e que foi sucesso no carnaval de 1957 no Rio de Janeiro, cantada em ritmo de marcha.

Nelson Ferreira compôs o hino do Bloco Timbu Coroado, que sai pelas ruas do bairro dos aflitos, no Recife, no domingo de carnaval e pertence ao Clube Náutico Capibaribe. Para este clube, fez também o frevo “Come e Dorme”, talvez a música que mais esteja associada ao futebol alvirubro pernambucano. Também é o autor do frevo-canção cazá, cazá, cazá (1955), após o pedido na época do jovem Eunitônio Edir Pereira, que anos depois iria compor o hino oficial do Sport Club do Recife. Alguns até se tornariam seus parceiros musicais como: Sebastião Lopes (O bom Sebastião), Ziul Matos, Oswaldo Santiago, Eustórgio Wanderley, Aldemar Paiva e o vitoriense Nestor de Holanda, com quem compôs “Frevo é Assim” e tantos outros famosos na Radiofonia Pernambucana. Compôs sete evocações, apreciada em todo Brasil nas quais homenageou carnavalescos, velhos companheiros, jornalistas e imortais da poesia como Manoel Bandeira, e artistas da dimensão de Ataulfo Alves, Lamartine Babo, Francisco Alves, entre outros. Sua produção, ao lado da de outros pernambucanos, como Raul e Edgar Moraes, Zumba, Levino Ferreira, Irmãos Valença, Luiz Gonzaga, Capiba e outros mais, é de importância enorme no estudo das manifestações músico-sócio-culturais da Região.

No final dos anos de 1920 suas músicas são constantemente gravadas no Sul pelos artistas mais famosos, como: Francisco Alves, Almirante, Carlos Galhado, Araci de Almeida, Joel e Gaúcho, Augusto Calheiros, Minona Carneiro e nos anos seguintes, por Dircinha Batista, Nelson Gonçalves, várias orquestras, além de intérpretes pernambucanos do maior valor, no Recife, como Claudionor Germano e Expedito Baracho.

Em sua extraordinária obra, Nelson fez adivinhações, brincou de bola de forno, de coelho sai, fez evocações, cantou a sua Veneza americana e seus tipo populares, registrou a revolução de 30 e a segunda guerra mundial, os momentos românticos, alegres e tristes, disse da natureza humana, da tradição e dos costumes de sua gente. Foi homenageado pelos varredores, prefeitos, clubes e entidades,tendo recebido a condecoração presidencial pelo presidente Médici de oficial da ordem do Rio Branco. Casado desde 1926, com dona Aurora, sua musa inspiradora durante toda a vida, confessava que os maiores orgulhos de sua vida eram ser pernambucano e poder despertar para Aurora. Hoje se encontra na Avenida Mário Melo a praça Nelson Ferreira com seu busto.

Faleceu em 21 de dezembro de 1976.

No carnaval de 1977, o clube Vassouras O Camelo, homenageou em seu carro alegórico Nelson Ferreira. Este frevo foi gravado em 1986 em um composto duplo. Outras composições de sua autoria, Dedé, Não Puxa, Morca, O dia vem Raiando, Sabe lá o que é isso, Pernambuco, Você é meu, Cabelos Brancos, Bem-te-vi, Veneza America, Arlequim, Bloco da Vitória e tantas outras mais.

EVOCAÇÃO Nº 01 – CLAUDIONOR GERMANO

Felinto, pedro salgado, guilherme, fenelon
Cadê teus blocos famosos
Bloco das flores, andaluzas, pirilampos, apôs-fum
Dos carnavais saudosos

Na alta madrugada
O coro entoava

Do bloco a marcha-regresso
E era o sucesso dos tempos ideais
Do velho raul moraes
Adeus adeus minha gente
Que já cantamos bastante
E recife adormecia
Ficava a sonhar
Ao som da triste melodia
leo

 

Leo dos Monges

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Curiosidades Musicais: Mestre CAPIBA

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Lourenço da Fonseca Barbosa (Mestre Capiba), nasceu na cidade de Surubim – PE, 28 de outubro de 1904. Um dos maiores compositores de Frevo, deste país. O apelido Capiba na gíria nordestina, significa jumento, por sua pequena estatura e teimosia.

Filho do Maestro Severino Atanásio de Souza, que era compositor, cantor e diretor de várias bandas musicais. Capiba tinha doze irmãos, que, como ele, aprenderem com seu pai, e dois dos quais também se tornariam compositores de frevos: Jose Mariano (Marambá) e Hermann Barbosa.

No mesmo ano em que nasceu a família mudou-se para Recife, depois para Campina Grande – PB, e em 1913 para Taperoá – PB. Por essa época já se dedicava à música, tocando Trompa e participando, junto com os irmãos, da Banda (Lira de Barborema), dirigida pelo pai. Um ano mais tarde, a família mudou-se novamente, instalando-se em Campina Grande – PB, onde o Maestro Severino foi dirigir a Charanga Afonso Campos. Nessa época, a família já era chamada pelo apelido de Capiba, que provavelmente se originou com o avô, conhecido por sua estatura baixa e teimoso. Aos 16 anos, aprendeu rapidamente algumas valsas no piano, para substituir sua irmã Josefa como pianista do Cine Fox de Campina Grande.

Daí em diante, passou a dividir seu tempo entre o piano e o futebol, no qual chegou a se destacar, integrando times profissionais da cidade, como América e Campinense. Aos 20 anos, foi obrigado pela família a trocar a música e o futebol pelos estudos, viajando para João Pessoa – PB, onde se matriculou num Liceu. Enfrentando a opinião dos pais, no mesmo ano compôs sua primeira Valsa (Meu Destino), e em 1925 empregou-se como pianista do cinema Rio Branco.

Depois de fundar uma Orquestra de Baile, para atuar no Clube Astréia, e um conjunto, o Jazz independência, venceu em 1929, com o Tango (Flor das Ingratas), um concurso patrocinado pela Revista Vida Doméstica, do Rio de Janeiro, que o publicou em fevereiro do ano seguinte. Em 1930 participou do Concurso Carnavalesco da Casa Edilson, classificando-se em quarto lugar com seu samba (Não quero mais) com João Santos Coelho Filho, gravado para o Carnaval desse ano por Francisco Alves. Foi sua primeira música gravada com o pseudônimo de José Pato. No mesmo ano, deixou João Pessoa, seguindo para Recife, onde havia entrado por concurso no Banco do Brasil, mas não deixou a música, fundando o Jazz – Band Acadêmica, formada por estudantes universitários e que destinava à casa do Estudante pobre toda a renda auferida e Bailes. Em 1936 compôs a valsa Verde (com Ferreira dos Santos), apresentada pelo Jazz – Band Acadêmica na Festa de Formatura dos Alunos de Medicina. A orquestra da qual era regente e pianista, tornou-se uma das mais famosas do Recife, apresentando-se também em outros estados.

A experiência ao lado dos acadêmicos, fez com que se interessasse em cursar direito, sem deixar de lado a música e o trabalho no banco. Ainda em 1932 compôs com Ascenso Ferreira, o Maracatu “É de Tororó”, que depois de se tornar um sucesso em Recife, foi levado para o Rio de Janeiro sendo incluído numa revista de Jardel Jércolis, que excursionou pelo Brasil, Espanha e Portugal. Em 1934 lançou-se como compositor de Frevo, com “É de Amargar”, inscrito no concurso promovido pelo Diário de Pernambuco, em que obteve o primeiro lugar; gravado por Mário Reis, e consagrou-se no gênero. Em 1936 seu frevo-canção “Manda Embora essa Tristeza” foi gravado na Victor por Araci de Almeida. Dois anos depois, formou-se na Faculdade de Direito de Recife e venceu um concurso de Tangos na Paraíba. Em 1943 compôs a canção “Maria Bethânia”, feita para a peça Senhora de Engenho, de Mário Sette, no ano seguinte, a canção foi gravada por Nelson Gonçalves na Victor, e se tornou conhecida em todo País. Em 1963 musicou os versos de Vinicius de Moraes, Soneto de Fidelidade e em 1964, alcançou em todo Brasil seu maior sucesso da década com o Samba-canção “A mesma Rosa Amarela” (Letra do poeta pernambucano Carlos Pena Filho). Capiba escreveu mais de 200 canções, em sua maioria Frevo. Fundou a casa dos Estudantes de Pernambuco, primo de Abelardo Barbosa (Chacrinha). Em 1977, Capiba foi homenageado no Carnaval do Recife. Em 1987 o Clube Vassoura O Camelo homenageou Capiba em seu carro Alegórico e em 1995 foi homenageado pelo Clube Abanadores O Leão, estes dois últimos clubes de Vitória de Santo Antão – PE.

Faleceu no dia 31 de Dezembro de 1997.

Capiba teve vários parceiros, entre eles: Fernando lobo, Carlos Pena Filho, Carlos Drummond de Andrade, Manoel Bandeira, Vinicius de Moraes, Ariano Suassuna, João Cabral de Mello Neto…

Composições entre elas:

Valsa Verde, 1931, É de Tororó 1932, É de Amargar 1934, Quem Vai pro Farol, É o Bonde de Olinda, 1937, Gosto de te ver Cantando, 1940, Linda Flor da Madrugada, 1941, Maria Bethânia 1944, Madeira que Cupim não Rói, 1963, Trombone de Prata, 1977, Frevo da Solidão 1978, Juventude Dourada 1976…

MADEIRA QUE CUMPIM NÃO RÓI – ALCEU VALENÇA

Madeira do rosarinho
Venha à cidade sua fama mostrar
E traz, com o seu pessoal, seu estandarte tão original
Não vem pra fazer barulho
Vem só dizer
E com satisfação
Queiram ou não queiram os juízes
O nosso bloco é de fato campeão
E se aqui estamos cantando esta canção
Viemos defender a nossa tradição
E dizer bem alto
Que a injustiça dói
Nós somos madeira de lei que cupim não rói.

leo

 

Leo dos Monges

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Curiosidades Musicais: EDGAR MORAES

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Edgar Ramos de Moraes (Edgar Moraes), nasceu no bairro da Madalena, no Recife- PE, no dia 01 de novembro de 1904, quando menino iniciou seus estudos musicais com o irmão mais velho Raul Moraes, já formado em música na Alemanha.

Aos 16 anos já fazia composições musicais para vários blocos de Carnaval do Recife. Sua primeira marcha foi para o Bloco Jacarandá.

Aprendeu a tocar violão em 1922, chegando a ser considerado, pelos críticos violinistas da época um dos melhores instrumentistas de acompanhamento. Em 1923 fundou diversos blocos locais como: Pirilampos, Jacarandá, Turunas de São José, Corações Futuristas, Rebelde Imperial e Bloco da Saudade. Seu maior destaque se deus no carnaval de 1935, quando gravou em disco Victor, o frevo de rua “Furacão do Frevo” e o frevo canção “Cai no Frevo Morena”. Em 1939, classificou-se em segundo lugar no concurso oficial de músicas de carnaval no Recife.

Algum tempo depois, resolveu trocar o gênero frevo pela marcha de bloco e também a orquestra de metais, que ele mesmo dirigia, para formar uma de pau e corda, composta de violões, cavaquinhos, banjos, bandolins, reco-reco, tarol e surdo. E um coral feminino que entoava suas composições. Compôs marchas de bloco para quase todos os blocos do Recife. Foi campeão do carnaval recifense durante vários anos. Gravou nas melhores etiquetas brasileiras, tais como: RCA Victor, Copacabana, Philips, Chantecler, Continental, Odeon, CBS e Mocambo.

O seu repertório de Marchas de Bloco Evocativas iniciou-e com o nostálgico frevo A dor de uma Saudade, gravada pela Mocambo Rozemblit para o carnaval de 1961. Essa composição evocou todo sentimento de saudade que Edgar sentia pelo seu irmão Raul Moraes e pelos carnavais antigos, abrindo inspirações para outras marchas de bloco de puro lirismo e poesia.

Como Maestro, arranjador e compositor, participou de alguns dos principais blocos carnavalescos, tais como: Pirilampos, Príncipe dos príncipes, Lobos de Afogados, Camponeses em folia, Galo Misterioso, Rebelde imperial, Batutas de São José, Madeira do Rosarinho. Foi compositor de um vastíssimo repertório de todos os gêneros musicais como: Valsa, Choros, Maxixes, Baiões, Canção Sertanejas e patrióticas, maracatus, sambas, foxés e batuques.

Edgar Moraes tinha um sonho, quando compôs “Valores do Passado” em 1962, de fazer um bloco com o nome de Bloco da Saudade, que pudesse reviver aqueles inesquecíveis grupos carnavalescos da época. O seu sonho tornou-se realidade em fevereiro de 1973, com o primeiro desfile do Bloco da Saudade e o convite para que (Valores do Passado), fosse o hino do Bloco. Num fim de tarde do dia 31 de março de 1973 o “General cinco Estrelas da Folia”, Disse adeus a vida, deixando sua esposa Noêmia Moraes (hoje falecida), 7 filhos e alguns netos. O coral Edgar Moraes, formado pelas suas filhas, sobrinhas e netas vem, desde 1987 divulgando e resgatando as obras do seu imenso acervo musical.

“Herdei do meu irmão o mesmo entusiasmo pela vida, o mesmo desprendimento, a mesma resignação diante dos sofrimentos e injustiças, e a mesma vontade indômita de não negar esforços para prestigiar a arte musical do Brasil, especialmente de Pernambuco – que sempre amamos com verdadeira veneração”.

Conhecido como “General cinco estrelas da folia”, deixou uma produção de cerca de 300 composições, na maioria frevos e marchas do bloco. Entre elas: Saudade de Raul Moraes, Tempo quente, A dor de uma Saudade, Primeiro Amor, Recordando a Mocidade, Valores do Passado, A vida é um Carnaval, Recordando é Viver, Carnavais de Outrora, Pra você recordar, Velhos Carnavais, Recife Antigo, Saudosos foliões…

Por conta de sua data de nascimento, ficou constituído o dia 01 de novembro como o dia do Frevo de Bloco. Onde todos os anos se concentram os Blocos Líricos no Pátio de São Pedro no Recife – PE.

A marcha Valores do Passado composta em 1962, presta homenagem a vinte e quatro Blocos Extintos do Carnaval do Recife.

VALORES DO PASSADO – ALCEU VALENÇA

Bloco das Flores, Andaluzas, Cartomantes
Camponeses, Apôis Fum e o Bloco Um Dia Só
Os Corações Futuristas, Bobos em Folia
Pirilampos de Tejipió
A Flor da Magnólia
Lira do Charmion, Sem Rival
Jacarandá, a Madeira da Fé
Crisântemos Se Tem Bote e
Um Dia de Carnaval

Pavão Dourado, Camelo de Ouro e Bebé
Os Queridos Batutas da Boa Vista
E os Turunas de São José
Príncipe dos Príncipes brilhou
Lira da Noite também vibrou
E o Bloco da Saudade, assim recorda tudo que passou

leo

 

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Curiosidades Musicais: MAESTRO NUNES

Foto: Helder Tavares

Foto: Helder Tavares

Jose Nunes de Souza (Maestro Nunes), nasceu no dia 22 de julho de 1931 – Angélica, Distrito de Vicência – PE.

Na década de 1950 Nunes chega ao Recife. Aos 19 anos de idade, Maestro Nunes já tinha experiência musical, aos 9 anos de idade já tocava clarinete. Nunes estudou no Conservatório Pernambuco de Música. No final da década de 1950 Nunes se dedicou a sua formação em Teoria Musical, estudando Canto Gregoriano, Harmonia, Canto-Coral e Regência e foi neste período que o Maestro obteve o 1º lugar no Concurso da Banda Municipal do Recife tocando clarinete, onde se tornou membro fundador. Foi militante político do PCB e MCP.

No final dos anos 1960, Nunes se formou em Belas Artes pela Universidade Federal de Pernambuco. Em 1972 Maestro Nunes funda a Escola musical do frevo, no pátio Santa Cruz – Bairro da Boa Vista, que tinha como público-alvo os filhos dos presentes das agremiações carnavalesca e criança de comunidades carentes. Entre 1978 e 1979 gravou seu primeiro disco, em 1984, o Maestro cria a Banda de Frevo do Nordeste. Em seu grande repertório de Frevo, podemos destacar: É de Perder os Sapatos (1977), É de Rasgar a Camisa (1977), Mosquetão (1977), Bala Doída (1979), Cabelo de Fogo (1986), Bomba-Relógio (1981), Folhas não Caem (1978), Manda Chuva (1984) e tantas outras. Maestro Nunes teve seu valor reconhecido em vários festivais e concursos de música, como o de Lêda Carvalho, Frevança, Sistema Globo do Rádio e Recifrevo. Em 2007 ano do centenário do Frevo, Nunes foi homenageado no Carnaval do Recife. A sua Escola de Jovens formou e agregou músicos hoje reconhecidos como o saxofonista Spok e o Trompetista Forró, em 2009, Maestro Nunes recebe o título de Patrimônio vivo de Pernambuco.

A partir da década de 1980, Nunes começou a compor Frevo para o Carnaval de Vitória de Santo Antão – PE. O primeiro frevo foi Fubica (1980), Frevo dos motoristas (1981), Ford 28 (1983), Canhambeque (1990), Para-Brisa (1991), Regresso do Camelo (1986), Brincando com o Leão (1996), Exaltação a Renato Uchôa (1986), Leão de Raça (1990) e Camelo na Rua (1986), estes dois últimos de parceria com o comunicador do Frevo meu amigo Vitoriense Guilherme Pajé.

Hoje Maestro Nunes reside no Jardim Paulista – PE.

O frevo Cabelo de fogo, Nunes compôs e deu esse nome, pelo motivo de um dos seus músicos, que pintava o cabelo de vermelho. Sendo assim, quando o Maestro coloca a mão na cabeça a orquestra já sabe, Cabelo de Fogo. Então se você não puder falar com um Maestro e quiser ouvir este frevo é só olhar para ele e colocar a mão na cabeça.

CABELO DE FOGO

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Curiosidades Musicais: ROBERTO CARLOS (Parte 3) – por Léo dos Monges

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Anos 70: Fase Romântica

1266375518_74537661_1-Fotos-de-ROBERTO-CARLOS-A-300KM-POR-HORAA partir da década de 1970, marcaria o fim da Jovem Guarda e consolidaria o prestígio de Roberto Carlos como intérprete romântico no Brasil e no exterior (Estados Unidos, Europa e América Latina). O cantor seria o artista brasileiro que mais venderia discos no país. Várias de suas canções foram gravadas por artistas como Julio Iglesias, Caravelli e Ray Conniff. Em 1970, o cantor fez uma bem-sucedida temporada de shows no canecão. No final daquele ano, foi lançado o álbum anual, que trouxe sucessos como “Ana”, “Vista a Roupa Meu Bem” e “Jesus Cristo”, canção que também marcava sua aproximação com a religião.

No ano seguinte, foi lançado “Roberto Carlos a 300Km por hora” o último filme e também um grande sucesso nacional, ainda em 1971, foi lançado “Roberto Carlos”, o disco contou com os sucessos “Detalhes”, “Amada Amante”, “Todas Estão Surdos”, “Debaixo dos Caracóis dos Teus Cabelos” (Homenagem a Caetano Veloso que estava exilado em Londres na Inglaterra em 1971) e “Como dois e dois” (de Caetano). Depois Caetano Veloso retribuiu a homenagem com “Muito Romântico” e “Força Estranha”.

O álbum “Roberto Carlos”, de 1972, repercutiu com “A Montanha” e “Quando as crianças saírem de férias”, além de ter sido o primeiro LP a atingir a marca de um milhão de cópias vendidas; e “Roberto Carlos”, de 1973, com “Rotina” e “Proposta”. Em 24 de dezembro de 1974, a Rede Globo exibiu um especial do cantor, que obteve um enorme índice de audiência. A partir daquele ano, o programa seria veiculado anualmente, sempre no final do ano.

Em 1975, o grande sucesso seria “Além do Horizonte”. No ano seguinte,o cantor gravaria o novo LP nos Estúdios da CBS em Nova Iorque. O álbum lançou as canções “Ilegal, Imoral ou Engorda” e “Os seus Botões”. Em 1977, Roberto Carlos gravou “Muito Romântico” (de Caetano Veloso) e “Cavalgada”, lançadas no disco Natalino e que alcançariam os primeiros lugares nas paradas musicais.

No ano seguinte, foi lançado “Roberto Carlos”, de 1978, de onde se destacaram as famosas “Café da Manha”, Força Estranha (de Caetano Veloso) e “Lady Laura”- essa última dedicada a sua mãe. O disco vendeu um milhão e quinhentas mil cópias, além de álbuns que vendiam mais de um milhão de cópias por ano, os shows de Roberto Carlos eram também disputados: em 1978, o cantor percorreu o país por seis meses. Sempre com casas lotadas.

Anos 1980: Reconhecimento Internacional.

3nl9pygkemchq9hxblmn4x14wNo início da década de 1980, participou de outra campanha, dessa vez para o ano internacional da pessoas deficiente. Em 1981, o cantor fez excursões internacionais e gravou o primeiro disco em inglês – outros seriam lançados em Espanhol, Italiano e Francês. Também gravou o disco anual, que contou com sucessos como “Emoções”, “Cama e Mesa” e “As Baleias”.

Em 1982, recebeu da gravadora CBS o prêmio Globo de Cristal, oferecido aos artistas que ultrapassam a marca dos cinco milhões de discos vendidos fora do país de origem. Ainda naquele ano, Maria Bethânia participou do álbum anual, no dueto “Amiga”. Era a primeira vez que o cantor convidava um outro artista para participar das gravações do disco. Roberto Carlos (1982) ainda teve o sucesso “Fera Ferida”, outra parceria com Erasmo.

Em 1984, sua canção “Caminhoneiro” foi executada mais de três mil vezes nas rádios do país em um único dia e, no ano seguinte, “Verde e Amarelo” bateria esta marca ao ser tocada três mil e quinhentas vezes. Ganhou em 1988 o Grammy de melhor cantor Latino-americano e, no ano seguinte, atingiu o Topo da parada latina da Billboard. Ainda em 1989, teve grande repercussão com “Amazônia”, no tradicional especial de fim de ano da Rede Globo cantou sucessos como “Outra Vez” ao lado de Simone.

Anos 1990: campeão de vendas e morte de Maria Rita.

Durante a década de 1990, o sucesso de Roberto Carlos prosseguiu tanto em nível nacional quanto internacional. Em 1994, Roberto Carlos conseguiu bater os Beatles em vendagens na América Latina, vendendo mais de 70 milhões de disco.

81E6817642BA168C61D96016D5Em 1998, foi diagnosticado câncer em Maria Rita. Roberto Carlos teve de conciliar a gravação do disco anual e o apoio à esposa internada em São Paulo. Seu disco anual quase não foi lançado. Com o agravamento do estado de saúde de Maria Rita, seguido de sua morte em Dezembro daquele ano, fez com que o cantor deixasse de apresentar o tradicional especial de final de ano na Rede Globo e não gravasse o disco anual. A gravadora Sony acabou lançando “Os 30 Grandes Sucessos” (Vol. 1 e 2), uma coletânea dupla com os maiores sucessos da carreira de Roberto Carlos e uma faixa inédita, a religiosa “Todas as Nossas Senhoras” escrita com Erasmo.

Anos 2000 – Presente

Roberto-CarlosFoto-IGRG1Depois de um período de reservas, Roberto Carlos retomou sua carreira com a turnê “Amor Sem Limite”, inaugurada em Recife, em novembro de 2000, título de canção feita em homenagem a Maria Rita de maior destaque no álbum lançado em dezembro daquele mesmo ano. Ainda naquele ano, o cantor rompeu o contrato com a gravadora Sony (Ex CBS), após 39 anos de parceria.

Roberto Carlos é torcedor do Vasco da Gama. As músicas mais preferidas de Roberto Carlos são: Detalhes, Emoções, Amigo, Como é Grande o Meu Amor por Você e Te amo Tanto.

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Curiosidades Músicais: Continuando com Roberto Carlos (Parte 2) – Por Leo dos Monges

Robertocarlosinicioanos70Anos de 1960: A Jovem Guarda

Louco Por Você, de 1961 foi o primeiro LP de Roberto Carlos e um dos mais disputados entre os colecionadores e fãs do Rei. Motivo, foram impressas apenas 500 cópias.

Roberto Carlos insistiu em investir na música jovem da época, e em 1962 lançou “Splish Splash”, com o amigo Erasmo Carlos, Roberto compunha versões de hits do álbum e canções próprias como “Splish Splash” e “Parei na Contra Mão”, que se tornaram grandes sucessos. No ano seguinte com o LP É Proibido Fumar, em que, além da faixa título, destacou-se a canção “O Calhambeque”. Assim nascia a Jovem Guarda.

Conhecido nacionalmente, Roberto Carlos começou a apresentar o Programa Jovem Guarda em 1965 na TV Record, ao lado de Erasmo Carlos e Wanderléa. O programa popularizou ainda mais o movimento e consagrou o cantor, que se tornou um dos primeiros ídolos jovem da cultura brasileira.

O termo iê-iê-iê usado na Jovem Guarda, surgiu da música She Loves You, em que os Beatles repetiam yeah-yeah-yeah. Quase todos os artistas da Jovem Guarda tinham apelido: Roberto Carlos era chamado de Brasa, Erasmo Carlos o Tremendão, Wanderléa Ternurinha, Wnaderley Cardoso era o Bom Rapaz, Rosemary era a Fada, Martinha o Queijinho de Minas e Ronnie Von o Príncipe.

Ainda em 1965, foram lançados os álbuns “Roberto Carlos canta para a Juventude” – com sucessos “Histórias de um Homem Mau”, “Os sete Cabeludo”, “Eu sou fã do Monoquine” e “Não quero ver você tão Triste”, parcerias com Erasmo Carlos e “Jovem Guarda” com os sucessos “Quero que vá tudo pro inferno”, “Lobo Mau”, “O Feio” (de Getúlio Cortês) e “Não é papo pra mim”. em 1966, apresentou os programas “Roberto Carlos à Noite”, “Opus 7”, “Jovem Guarda em alta tensão” e “Todos os jovens do mundo”, todos de vida efêmera e da TV Record.

Mas o que mais marcaria aquele ano seria uma briga por motivos profissionais, que quase colocou fim à parceria entre Roberto e Erasmo. A razão da separação foi uma falha da produção do programa “Show em Si…Monal” da Tv Record, que homenageava Erasmo. A produção do programa havia preparado um pot-pourri com as composições mais famosas de Erasmo, entre as quais, Parei na Contramão, Quero que vá tudo pro inferno. O problema criado foi que estas canções foram compostas em parceria com Roberto, mas se deu crédito unicamente a Erasmo. Os dois se desentenderam e a parceria ficou suspensa por mais de um ano. Neste período Roberto compôs “Querem acabar comigo” e “Namoradinha de um amigo meu”, que foram lançadas no LP (Roberto Carlos) daquele ano, o disco ainda tinha os sucessos “Eu te darei o céu”, “Esqueça” (versão de Roberto Corte Real), “Negro Gato” (de Getúlio Cortês) e “Nossa canção” (de Luiz Airão).

Em 1967, a amizade Erasmo-Roberto seguia estremecida, embora os dois apresentassem junto co Wanderléa o programa “Jovem Guarda”, na Tv Record. Roberto compôs sozinho sucessos como “Como é Grande o Meu Amor Por Você”, “Por isso Corro Demais”, “Quando” e “De que Vale tudo isso”, que seriam lançados no LP (Roberto Carlos em Ritmo de Aventura), trilha sonora do filme Homônimo, lançado no ano seguinte, e que teve produção e direção de Roberto Farias e elenco com José Lewgoy e Reginaldo Farias. O filme tornou-se um grande sucesso de bilheteria do cinema nacional.

A relação entre Erasmo e Roberto voltaria ao normal por causa de (Em Ritmo de Aventura). Envolvido com diversos compromissos profissionais, Roberto não conseguia finalizar a letra da canção de “Eu Sou Terrível”, que seria a faixa inicial da trilha sonora do longo-metragem. Então, ele pediu auxílio ao velho parceiro Erasmo, que o ajudou a finalizar a letra. Assim, a amizade a parceria dos dois foram retomadas. Ainda naquele ano Roberto fez em Cannes (França) os primeiros espetáculos no exterior e participou de alguns festivais de música popular brasileira. Com “Maria, Carnaval e Cinzas” de Luiz Carlos Paraná o cantor ficou em quinto lugar. Algumas pessoas hostilizaram a presença de um ícone da Jovem Guarda – tido como “alienado” sob a óptica da época.

rcbrzcd1968Em 1968 foi lançar o LP “O Inimitável”. Disco de transição na carreira do cantor, o album teve influências na Black Music Estadunidense e emplacou vários sucessos, como “Se Você Pensa”, “Eu Te Amo, Te Amo, Te Amo”, “É Meu, é meu, é meu”, “As Canções que Você fez pra mim” (todas parcerias com Erasmo Carlos), “Ciúme de Você” (de Luiz Airão) e “E não vou deixar Você Tão Só” (de Antonio Marcos). Ainda naquele ano, Roberto Carlos se tornaria o primeiro e único brasileiro a vencer o Festival de San Remo (da Itália), com a canção “Canzone Per Ter” de Sérgio Endrigo e Sergio Bardotti, e se casaria, em Santa Cruz de La Sierra (Bolívia), com Cleonice Rossi, mãe dos filhos Roberto Carlos Segundo (O Segundinho, mais conhecido como Dudu Braga, nascido em 1969), e Luciana nascida em 1971.

A mudança de estilo do cantor viria definitivamente em 1969. O Álbum “Roberto Carlos” foi marcado por um maior romantismo em lugar dos tradicionais temas juvenis típicas da Jovem Guarda. Entre os sucessos deste LP estão “As Curvas da Estrada de Santos”, “Sua Estupidez” e “As Flores do Jardim da Nossa Casa”, todas parcerias com Erasmo Carlos. Ainda naquele ano, foi lançado o “Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa”, segundo filme dirigido por Roberto Farias e êxito de bilheteria.

COMO É GRANDE O MEU AMOR POR VOCÊ

Aguardem, continuaremos com Roberto Carlos quinta-feira dia 26/12.

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Curiosidades Musicais: Roberto Carlos – Por Leo dos Monges

Roberto+Carlos+1972

Roberto Carlos Braga, nasceu em 19 de abril de 1941, em Cachoeiro do Itapemirim (Espírito Santo), é o quarto e último filho da família, filho do relojoeiro Robertino Braga e da costureira Laura Moreira. A família morava no bairro do Recanto, numa casa modesta, no alto de uma ladeira. Os outros membros da família eram: Lauro Roberto Braga, Carlos Alberto Braga e Norma Moreira Braga, a qual Roberto Carlos chamava carinhosamente de Norminha. “Zunca” era o seu apelido de infância, ainda menino aprendeu a tocar violão incentivado por sua mãe, que na verdade queria que ele fosse médico e piano com a professora Helena Mignone. O seu ídolo na época era Bob Nelson, um artista brasileiro que se vestia de Cowboy e cantava música “Country” em português. Foi da sua professora de colégio irmã Fausta, que ensinou Roberto Carlos quando ele tinha 8 anos, que ele recebeu de presente um medalhão com a imagem do sagrado coração de Jesus, que ela guardava a vinte anos e disse para ele que não usasse, mas guardasse como lembrança, mas ele não obedeceu, ganhou numa sexta-feira e no domingo seguinte se apresentou com o medalhão no peito o mesmo que usa até hoje.

Cantou pela primeira vez aos nove anos incentivado por sua mãe, em um programa infantil na Rádio Cachoeiro de Itapemirim. Apresentou-se cantando o bolero “Amor y más amor”. Como prêmio pelo primeiro lugar, recebeu balas. O cantor recordaria anos depois o momento, relatado na obra “Roberto Carlos em Detalhes”, de Paulo Cesar de Araújo: “Eu estava muito nervoso, mas muito contente de cantar no Rádio. Ganhei um punhado de balas, que era como o programa premiava as crianças que La se apresentavam. Foi um dia lindo”. Tornou-se então presença assídua no Programa, todos os domingos.

Durante a infância sofreu um acidente ferroviário, que feriu gravemente sua perna, que teve de ser amputada, substituída por uma prótese.

Foi em 1947 ele tinha 6 anos, Roberto Carlos perdeu um pedaço de sua perna esquerda esmagada por um trem. Era dia de São Pedro e ele subiu nos trilhos da Estação para ver melhor o desfile da parada, o som das bandas impediu que ouvisse o barulho do trem e a roda esmagou os ossos de seu pé e do começo da perna. O cantor falou sobre o acidente na canção O Divã que diz:

Relembro bem na festa, o apito

E na multidão um grito

O sangue do linho branco

A Paz de quem carregava em  seus braços quem chorava…

Aos 14 anos de idade mudou-se para Niterói no Rio de Janeiro e foi morar com uma tia. Seguindo a tendência juvenil da época, entrou em contato com um novo ritmo musical, o Rock, passou a ouvir Elvis Presley, Little Richard, Gene Vicent e Chuck Berry.

Em 1957, Arlênio Lívio, um colega de escola, levou Roberto Carlos para conhecer um grupo de amigos que se reunia na Rua do Matoso, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Lá conheceu Sebastião Maia (Tim Maia), Edson Trindade, José Roberto (China) e Welligton. Formou com Arlênio, Tim Maia, Trindade e Welligton o primeiro conjunto musical, os “Sputniks”. Certa vez, ele precisava da letra de “Hound Dog” e o grande fã de Elvis Presley daquela turma de amigos era Erasmo (Carlos) Esteves. Dessa forma, Roberto Carlos conheceu aquele que se tornaria o maior parceiro musical.

Tim Maia saiu dos Sputniks e o grupo foi desfeito. Edson Trindade, Arlênio e China formaram o grupo The Snakes, chamando Erasmo para ser Crooner. The Snakes acompanhavam tanto Roberto Carlos quanto Tim Maia, contudo ambos nunca fizeram parte do grupo, Roberto Carlos passou a se apresentar com frequência em clubes e festas. Roberto foi convidado por Carlos Imperial a se apresentar no programa musical “Clube do Rock”, da TV Tupi.

Carlos Imperial costumava apresentar Roberto Carlos como “Elvis Brasileiro” e Tim Maia como “Little Richard Brasileiro”. No final daquela época, Roberto gravou alguns compactos e iniciava sua carreira musical. Em agosto de 1959, Roberto Carlos gravou seu primeiro disco, foi um 78 RMP com duas músicas no estilo Bossa Nova (Fora de Tom e João e Maria).

O DIVÃ

Relembro a casa com varanda
Muitas flores na janela
Minha mãe lá dentro dela
Me dizia num sorriso
Mas na lágrima um aviso
Pra que eu tivesse cuidado
Na partida pro futuro
Eu ainda era puro
Mas num beijo disse adeus.

Minha casa era modesta mas
eu estava seguro
Não tinha medo de nada
Não tinha medo de escuro
Não temia trovoada
Meus irmãos à minha volta
E meu pai sempre de volta
Trazia o suor no rosto
Nenhum dinheiro no bolso
Mas trazia esperanças.

Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Por isso eu venho aqui.

Relembro bem a festa, o apito
E na multidão um grito
O sangue no linho branco
A paz de quem carregava
Em seus braços quem chorava
E no céu ainda olhava
E encontrava esperança
De um dia tão distante
Pelo menos por instantes
encontrar a paz sonhada.

Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Por isso eu venho aqui.

Eu venho aqui me deito e falo
Pra você que só escuta
Não entende a minha luta
Afinal, de que me queixo
São problemas superados
Mas o meu passado vive
Em tudo que eu faço agora
Ele está no meu presente
Mas eu apenas desabafo
Confusões da minha mente.

Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Essas recordações me matam.

Aguardem, continuaremos com mais Roberto Carlos na próxima quinta-feira do 19/12.

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Curiosidades Músicais: ANTONIO MARCOS – por Leo dos Monges

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Antonio Marcos Pensamento da Silva (Antonio Marcos), nasceu em São Paulo, 8 de novembro de 1945.

Trabalhou como Office-boy, vendedor de varejo e balconista de loja de calçados, passando pelos programas de calouros, para chegar ao Rádio e finalmente à televisão.

De 1960 a 1962, destacou-se no programa Estevam Sangirardi, cantando, tocando violão e fazendo humorismo. Gravou seu primeiro disco pela RCA, como integrante do conjunto os iguais, tornando-se solista e fazendo sucesso com a música Tenho Um Amor Melhor que o Seu de Roberto e Erasmo Carlos, que reapareceu em seu primeiro LP e vendeu mais de 300 mil cópias.

A partir daí, surgiram outros sucessos, como Oração de Um Jovem Triste e Como Vai Você. Atingiu seu maior sucesso em 1973, com O Homem de Nazareth (Cláudio Fontana). Um de seus últimos sucessos foi a canção-tema de O Profeta, telenovela da TV Tupi na qual participava sua futura esposa Débora Duarte. Já casado com a atriz, participaria com ela da telenovela da TV Bandeirantes, Cara a Cara, na qual também interpretava a canção-tema.

Tem oito Lps em português e quatro em castelhano, além de gravações feitas no exterior.

A última música gravada por Antonio Marcos foi (Por Amor) em 1992, uma versão de música Unchained Melody, do filme Ghost.

Antonio Marcos foi namorado da cantora Martinha. Sua primeira esposa foi a cantora Vanusa em 1972, com quem teve duas filhas Amanda e Aretha, depois com a atriz Débora Duarte, com quem teve a atriz Paloma Duarte. Depois com Rose sua terceira mulher teve o filho Pablo e finalmente, vivia com Ana Paula, filha de Cleonice Rossi Braga e enteada de Roberto Carlos.

A menina de trança da música existiu na juventude de Antonio Marcos, morando e estudando em São Miguel Paulista começava a namorar a jovem Maria Aparecida, mais conhecida como Cidinha a menina de trança.

Antonio Marcos escrevia, falava e compunha coisas maravilhosas. Um dia eu disse a ele que parasse de beber, ou morreria. Ele respondeu: – “Eu não vou morrer nunca, só vou ficar encantado!” (do livro de Vanusa – A Vida não pode ser só isso!).

Antonio Marcos tinha algumas paixões. Dona Eunice, sua mãe, era a primeira. Outras gaivotas, Jonh Lennon, Pablo Neruda – colocou o nome de Pablo no filho que teve com Rose, a sua terceira mulher, outra paixão: palhaços. Amava palhaços. Foi dele essa frase: “Todos nós somos palhaços do grande circo que é o mundo!”.

Em 1991 pretendia lançar um LP contendo uma versão de Imagine, de Jonh Lennon, mas Yoko Ono, viúva de Jonh, vetou a versão, o que, aliado à falência da gravadora (Esfinge),impediu o lançamento do disco.

Morreu em 05 de abril de 1992 aos 46 anos, vítima de insuficiência hepática, causada pelo alcoolismo.

O HOMEM DE NAZARETH

Mil novecentos e setenta e três
Tanto tempo faz que ele morreu
O mundo se modificou
Mas ninguém jamais o esqueceu…

E eu, sou ligado no que Ele falou
Sou parado no que Ele deixou
O mundo só será feliz
Se a gente cultivar o amor…

Hey irmão, vamos seguir com fé
Tudo que ensinou
O Homem de Nazareth…(2x)

Reis e rainhas que esse mundo viu
Todo o povo sempre dirigiu
Caminhando em busca de uma luz
Sob o símbolo de sua cruz…

E eu, sou ligado no que Ele falou
Sou parado no que Ele deixou
O mundo só será feliz
Se a gente cultivar o amor…

Hey irmão, vamos seguir com fé
Tudo que ensinou
O Homem de Nazareth…(2x)

Ele era um Rei
Mas foi humilde o tempo inteiro
Ele foi filho de carpinteiro
E nasceu em uma manjedoura
Não saiu jamais
Muito longe de sua cidade
Não cursou nenhuma faculdade
Mas na vida Ele foi doutor…

Ele modificou o mundo inteiro
Ele modificou o mundo inteiro
Ele modificou o mundo inteiro
Ele revolucionou o mundo inteiro…

Hey irmão, vamos seguir com fé
Tudo que ensinou
O Homem de Nazareth (4x)

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Leo dos Monges

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