Um dia, ia haver uma “happy hour” na calçada da Rede Ferroviária em frente à Praça Leão Coroado. Se não me falha a memória, a invenção era de Eraldo Boy, que deu cantada para Augusto César vir cantar.
Aí, telefonei para finada Geane fazer cabelo e unhas, intimando-a para dançar. Mais tarde, peguei meu carro, escalei a Vila Mário Bezerra e carreguei a boneca para a festa. Era cedo, a Pizzaria Chaplin, de Selma de Tracunhaém, ainda cheirava a orégano e calabresa do outro lado da praça. Até o Leão Coroado parecia esperar.
Lá pra mais tarde, no interior do prédio da Rede, as luzes acenderam, e Augusto César saiu para cantar. O peito inflado, o cabelo afarofado, largou o vozeirão em cima da plateia. Ergui-me da cadeira, passei a mão na cintura de Geane – moreninha, olhos amendoados, risonha e saltitante – e nos danamos a fazer corrupio entre os canteiros.
Estava instalada a alegria da boemia, o lado dionisíaco da vida, fustigando a inspiração popular: o que se leva da vida é a vida que se leva. Se um dia, nos corredores do infinito, eu vir Augusto, rogo-lhe que cante, que vou procurar a pequena Geane para dançar.
Por enquanto, só lembranças, doces recordações e um desejo a mais: Descansa em Paz!
Sosígenes Bittencourt