Meu pé de caju, a revolução dos bichos e a vida em movimento…..

Não foi a revolução dos bichos narrada pelo escritor inglês George Orwell, lá  na primeira metade do século XX – sátira política que ganhou projeção mundial. Também não foi um crime ambiental com proporções “amazônicas”, mas, indiscutivelmente, quando observado pelas lentes da sensibilidade, convenhamos, toda ação do homem na natureza produz um dano, muitas vezes irreversível – não aplicável ao caso em tela.

Explicando melhor:

Semanas atrás, circularam imagens nas redes sociais e páginas específicas do Instagram que,  após  podação  acentuado do conjunto de  árvores na Avenida Mariana Amália, pela prefeitura, pássaros demonstravam desorientação coletiva no que se refere ao “retorno para casa”. Nesse ínterim, por extrema necessidade, fui obrigado a promover no pé de caju da minha residência uma intervenção de ordem “capilar”, sobretudo  em uma das suas bandas, face ao “transtorno  de convivência”, pontualmente causado.

Desde sempre, pessoalmente falando, sou um animal que convivo harmoniosamente com outras espécies menos afortunadas, por assim dizer.  Dialogo, converso e interajo com os pássaros, as formigas, as lagartixas e etc. Principalmente  com os grupos que coabitam no “meu pé de caju”.

Pois bem,  iniciada a referida operação (podação do meu pé de caju) naquela manhã ensolarada, a cada foiçada efetivada, mesmo sendo uma necessidade, ficava eu pensando nos possíveis transtornos, isto é: nos efeitos colaterais  que causaria na comunidade dos “meus bichos”, ali, sempre presentes. Já com relação aos indesejados e inconvenientes mosquitos, com efeito, desapareceram em massa!

Com a “obra”  realizada com sucesso, chegou a hora de observar “os estragos”. No chão, um trânsito intenso de formigas apavoradas, sem saber ao certo o que seria das suas vidas (dava pra notar nos seus respectivos semblantes). Do ninho do besouro mangangá, localizado em um dos galhos preservados, um deles,  entrava e sai visivelmente enfurecido   da “loca” – como se tivesse preparado para enfrentar o seu mais bravo inimigo, algo que rapidamente  me fez lembrar  os filmes, retratando as épicas batalhas  espartanas.

Das mais variadas “tocas” emergiam as lagartixas atônitas,  balançando  a cabeça na mesma velocidade das asas dos beija-flores que, diga-se  de passagem – como alguns deles tem rota obrigatória por lá – vendo o ambiente em “parafuso” nem se deram ao trabalho de saber o que estava acontecendo e partiram  na mesma velocidade que chegaram.

Já as três lavadeiras, como se tivessem um relógio suíço no pulso, pois,  chegam ao pé de caju para dormir e parte  do mesmo à labuta diária sempre nos mesmos horários,  com seus cantos e suas feição de interrogação, parecia perguntar uma as outras: “ o que foi que aconteceu por aqui?” Será que teremos condições de permanecer dormindo em nossa morada?”. O tempo passou….

Vez por outra, ao deitar-me na rede, fico a contemplar a outra “banda” do pé de caju  que restou  e também à movimentação dos bichos que por lá transitam cotidianamente, fazendo-me a seguinte pergunta: com essas ações de queimadas e derrubada de florestas inteiras quantas espécies de animais são impactadas?

Bom! Passada uma determinada fração de tempo,  desde essa “revolução”,  ocorrida no meu pé de caju, venho observando que para eles  o mais difícil já passou. Aos poucos,  aparentemente, o cotidiano dos “meus bichos” já voltou ao normal. Melhor para eles, pois, para nós, “animais humanos” do País chamado Brasil, no momento,  as coisas não estão nada bem. Ultrapassamos as 300 mil mortes por COVID-19, batemos mais um recorde de corpos sepultados em apenas um dia e estamos na iminência de mais medidas restritivas relativas ao  que aprendemos chamar de liberdade. “Eu queria ser civilizados como os animais” – Roberto Carlos.

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