Nos mais de 140 anos de história da nossa festa maior – CARNAVAL – muita coisa mudou. Os primeiros folguedos por aqui vividos eram comandados ao som da zabumba, do realejo e da gaita. Os clubes de fado e de manobras foram as nossas primeiras “agremiações” organizadas. Em ato continuo surgem os “clubes de criticas” com suas alegorias, os maracatus, os caboclinhos e nesse conjuntos se edifica, por assim dizer, a chamada “rivalidade” dos clubes no nosso carnaval.
Dentre as mais famosas e ferrenhas, destacamos a “violenta” disputa entre O Clube Abanadores “O Leão” com O Clube Vassouras “O Camelo”. Nesse contexto, aliás, já produzimos uma “LIVE” com os carnavalescos Sylvio Gouveia e Joel Neto.
Pois bem, na qualidade de meu consultor para assuntos relacionados ao carnaval e Festas do Padroeiro Santo Antão, Antonio Freitas, na manhã de ontem (09), convidou-me até a casa de “Dona” Nide – Maria Cleonice de Oliveira Almeida (viúva de Fernando Marrom). Ela é filha de um “camelista” raiz – João Manoel de Oliveira – daqueles que vivenciaram e se alimentaram da referida disputa – Leão X Camelo – por décadas.
Hoje com 94 anos, “Dona” Nide narrou algumas histórias curiosas. Quando me preparei para lhe fotografar, com bom humor, disse ela: “hoje estou feia, mas quando jovem era muito bonita”.
No inicio da década de 30 (1930), quando ainda era criança, sua mãe ainda chegou a costurar fantasias para “O Camelo”, mas depois deixou – passou a seguir outra igreja – que lá atrás, pejorativamente, se chamava de “Nova Seita”.
Sobre a disputa, disse ela: “era uma confusão eterna”. Certa vez, de tanta briga e problemas na cidade, por conta dessa rivalidade carnavalesca, as autoridades obrigaram “um encontro público dos estandartes” dos rivais – Leão X Camelo. Moral da história: o estandarte do Camelo foi destruído, só porque chegou perto do estandarte do rival.
“Dona” Nide também nos contou que por ocasião das eleições a urna eleitoral que deveria receber o voto do seu pai – – João Manoel de Oliveira –, pela Justiça Eleitoral, foi colocada na sede do clube rival, ou seja: no Clube Abanadores “ O Leão” – disse “Seu” João: “ eu não entro naquela desgraça”
Com muita simpatia, já na hora da partida, disse-nos “Dona” Nide: “eu já estou vacinada, quando quiser, pode vir conversar”. Portanto, eis aí, alguns outros bons registros carnavalescos que bem refletem os costumes e o modelo de sociedade, vivenciado pelos nossos antepassados. Viva o Carnaval da Vitória!!