Carnaval 2016

http://www.blogdopilako.com.br/wp/wp-content/uploads/calua2.jpg

Batendo papo no pátio da Matriz, um amigo sapecou-me: e aí Pedoca, o que espera do carnaval? Será animado?

-Claro que será, respondi de supetão.

Repito, será ótimo. Perdemos cantor, perdemos vigário, perdemos escritoras. Uns mais que outros ligados aos festejos momescos, mas nada que anuvie nossa alegria e nossa capacidade de fazer carnaval. O vitoriense não precisa do poder público para brincar; aliás, quanto mais organizado, pior fica. Mais, tem mais: quanto maior a inflação, o desemprego e a esculhambação política, mais “nós brinca”. Este ano tudo é mais: mais confetes, mais serpentinas, mais fantasias, mais PITÚ, mais mulheres/homens, mais músicas, mais alegria. Faremos, com certeza, um carnaval melhor que aqueles da época dos nossos pais e avós, melhor do que o do ano passado e inferior a 2017. Estamos vivos, coloquemos os clarins e as orquestras para tocarem, os atabaques, surdos e pandeiros para retumbarem e vamos festejar o Rei Momo.

Sábado, já teremos o É TESÃO dando seu primeiro berro na cascatinha do Daniel e a ABTV pulando na Gamela. Participe, depois não venha choramingar: “o carnaval foi fraco”…

Pedro Ferrer

Momento Cultural: ÁRIA – por José Tavares de Miranda

tavares

Numa noite assim
de vento gelado a almas mortas

maus presságios e calafrios
foi-se a donzela.

Numa noite assim
sem esperança de aurora

nem sombra de lua
foi-se a donzela.

Foi a donzela
para nunca mais.

Onde se esconde
sua mantilha de rendas?

Sua grinalda de rosas
onde estará?

Seu coração magoado
de ilusão pulsa ainda?

Em que terra crua
seu cabelo é guardado,

Numa noite assim
de estrelas comidas

em ginete de fogo
seu amado passou

três assovios à porta
e sua amada levou

e em três passos de espera
a sua vida sugou.

Em três passos de espera.

(em TAMPA DE CANASTRA)

José Tavares de Miranda, vitoriense nascido a 16 de novembro de 1919, filho do Prof. André Tavares de Miranda. Fez os primeiros estudos na Vitória, sob os cuidados do seu genitor, e transferiu-se para o Recife, onde teve grande atuação na imprensa. Mudando-se para São Paulo, ali concluiu o seu curso de Direito (iniciado na Faculdade de Direito do Recife) na Faculdade de Direito do Largo S. Francisco, em 1939. Escritor, jornalista e poeta. Teve vários livros publicados inclusive de poesias, sendo estes últimos reunidos em um só volume: TAMPA DE CANASTRA. Faleceu em São Paulo (Capital) a 20 de agosto de 1992.

PÉ DE PITANGA

Debruçado sobre o muro aqui de casa, um pé de pitanga vigia a rua. Mulheres que vêm de bairros distantes passam, de braços dados, a admirá-lo.

– Êi, Maria, vê quanta pitanga!

As pitangas, suspensas no ar, parecem se balançar de vaidade, olhando para lá e para cá.

– Menina, e tem de toda cor!

Alguns pinguços também já as admiraram, lambendo os beiços, ébrios de desejo.

– Isso dá um tira-gosto arretado!

Sinto-me contente com tamanha dádiva. A eugenia uniflora, que dá em quintais, empertigada no canto do muro do meu terraço. Sei que a drupa globosa é comum na Mata Atlântica brasileira e na Ilha da Madeira em Portugal. Ao sol vesperal, parecem mimos caídos do céu, esses novelos de cálcio coloridos d’aquém e d’além mar.
Bem sei que alguns a futucam com um pau, no intuito de fazer um ponche, chupar minhas pitangas. Nem por isso vou “chorar as pitangas”, me aperrear, ficar me lamuriando. Aliás, lembra-me a célebre reflexão do revolucionário francês Babeuf: Os frutos da terra pertencem a todos, e a terra, a ninguém.

Sou um homem feliz, porque, em meio à struggle for life (luta pela vida), tenho tempo de parar para observar minhas pitangas e produzir esta crônica.

Mimoso abraço!

Sosígenes Bittencourt

Maestro Ulisses: grande contribuição ao secular carnaval da Vitória.

cd-4-foto-54Por ocasião de uma reunião promovida pelo Lions Clube, Núcleo Zito Mariano, ocorrida meses atrás, no Prédio da Associação Comercial, fiquei sabendo de algumas histórias ocorridas em nossa cidade, lá nas décadas de 60/70.

IMG_9392Pois bem, para os vitorienses com  um pouco mais de  cinquenta anos e que participaram ativamente do nosso grandioso carnaval, o nome do Maestro Ulisses lhe é bastante familiar. Professo Ulisses, como assim também era conhecido, marcou época aqui na nossa cidade. Natural da cidade de Belo Jardim, durante mais de uma década, o Maestro Ulisses, juntamente com seus  músicos, se configurou como verdadeira atração  nas festas MOMESCAS Vitoriense.

Os senhores Valdir e João Torres, ambos também filhos naturais da cidade de Belo Jardim, pertenceram ao esquadrão musical do Maestro Ulisses. Contou-me Valdir, hoje tem sessenta e cinco anos, que os carnavais da Vitória nunca saíram da sua cabeça: “tocar em Vitória era a melhor festa para nós”, disse ele.

Nosso bate papo carnavalesco começou quando ele perguntou-me sobre o Hotel Fortunato. Disse ele: “fiquei hospedado muito vezes ali. Saia lá  de Belo Jardim  de trem para passar os quatro dias  tocando  no carnaval daqui”.

IMG_9386

Disse-me ele que naquele tempo quando a orquestra do Maestro Ulisses tocou, pela primeira vez,   a música “Jesus Cristo”, do Rei Roberto Carlos, em ritmo de frevo, em plena folia, foi o maior comentário por parte da comunidade católica da cidade.  Disseram: “QUE FALTA DE RESPEITO COM JESUS.”

Também falou Valdir que certa vez, um pessoal da PITÚ – não soube dizer os nomes – chegou na hora do almoço no Hotel Fortunato com um disco de vinil (compacto) contendo um jingle da Pitú e pediram ao Maestro Ulisses para tocar na apresentação de rua da orquestra. Professor Ulisses, com toda sua calma e humildade disse assim: “deixe eu escutar“. Depois colocou um pouco de suspense: ” é… vamos vê se dá para fazer!”. Após o almoço, fez a partitura para todos os instrumentos, promoveu um pequeno ensaio e fez o maior sucesso na apresentação da noite.

Portanto, eis ai, alguns “recortes” da marcante contribuição do Maestro Ulisses ao carnaval da Vitória. Particularmente, não lembro dele atuando mas, certa vez, em um  carnaval fui apresentado a ele na casa do meu Tio Romildo Mariano, que aliás, era um grande fã e reconhecedor da importância do seu trabalho para o Carnaval da Vitória. Sendo assim, fica aqui esse pequeno registro de gratidão ao Maestro Ulisses pela sua ímpar contribuição ao nosso secular carnaval.

No próximo sábado já tem carnaval.

Faijoada ABTV 2016Em função do “apertado” calendário carnavalesco de 2016 o tradicional evento intitulado (5ª) Feijoada da ABTV será realizado mais cedo. Mas, independente de qualquer coisa a festa manterá o modelo e o sucesso dos anos anteriores.

O  peculiar encontro carnavalesco, entre outras coisas, tem como objetivo reunir os diretores de agremiações carnavalescas da cidade, homenagear pessoas que contribuíram e que ainda contribuem com nosso secular carnaval e dá, de cera forma, o PONTA PÉ OFICIAL DA FOLIA DE MOMO NA REPÚBLICA DA CACHAÇA. Portanto, vamos participar!!!

SERVIÇO

5ª Feijoada da ABTV
Restaurante Gamela de Ouro
Próximo sábado –  09 de janeiro
A partir das 11h
Preço da pulseira/ingresso – R$ 15,00 – com diretores de blocos – kiko Petiscaria – Galema de Ouro
Obs: Direito a Feijoada.

Pitú lança 6 milhões de latinhas especiais de Carnaval

PITÚ Lata Carnaval 2016 3D (4)Os amantes da combinação “cachaça e Carnaval” já podem dar o pontapé inicial na folia garantindo a lata momesca da Pitú. A empresa colocou em circulação no comércio de toda a região Nordeste seis milhões de unidades de 350 ml da cachaça tradicional com layout especial de Carnaval. A ilustração foi inspirada na alegria dos músicos que compõem as tradicionais orquestras de frevo, com notas musicais, partituras e instrumentos de metal, além das cores vivas que caracterizam a efervescência do período carnavalesco. A criação foi desenvolvida pela agência Extra Comunicação.

MOMENTO CULTURAL: Entre a Cruz e a Espada – por Severina Andrade de Moura

severina moura

Eu sofro porque sou balança
equilíbrio entre o cheio e o vazio.
Paredão onde acham confiança
homens de bem, mulheres de brio.

Ouço de lá e de cá os desabafos.
Fico no meio, entre a cruz e a espada.
Não quero destruir jamais, os laços
que se criaram em longas caminhadas.

Às vezes sou mal interpretada.
Que importa! Jesus também o foi
Quero ser útil em toda minha estrada

E quando eu me for, quero que digam
nela eu tive uma grande aliada
e se esquecer de mim jamais consigam.

Profª Severina Andrade de Moura, nasceu em Vitória de Santo Antão. Foram seus pais: José Elias dos Santos e Doralice Andrade dos Santos. Viúva de Severino Gonçalves de Moura, com quem se casou em 1962. Fez o curso Pedagógico no Colégio N. S. da Graça. Lecionou em Glória do Goitá e Carpina. Concluiu Licenciatura Plena em Letras em Caruaru (1976). Pós-graduação em Língua Portuguesa na Univ. Católica (1982). Ensinou em várias escolas estaduais e municipais na Vitória e ensina atualmente na Escola Agrotécnica e na Faculdade de Formação da Vitória de Santo Antão. Poetisa por vocação. Colabora na imprensa loca.