
Hangar do Aeroclube da Vitória – durante homenagem ao Prefeito Manoel de Holanda Cavalcanti – registro 1951.

Hangar do Aeroclube da Vitória – durante homenagem ao Prefeito Manoel de Holanda Cavalcanti – registro 1951.

Que, em tempo de Renovação e Esperança,
o passado sirva de exemplo na construção do Futuro e na preservação da Fé.
Façamos um bom Presente para não termos tristes recordações.
Relembremos as vezes que vencemos as adversidades.
Acostumados a cair é que aprendemos a nos levantar.
O que é bom para depressão é Organização.
O Criador do Universo nunca nos despreza
quando nos infunde a capacidade de discernir
entre o Bem e o Mal.
Sosígenes Bittencourt

Módulo: O Nada que é Tudo
Houve pontos importantes que fiz questão de frisar, em minha palestra, para detentos no presídio de Vitória de Santo Antão. Dentre outros, discursei sobre a IRA e sobre a LIBERDADE.
A Ira é um sentimento que deve ser resignificado, ou seja, você deve trabalhar sua ira. Porque a ira tem função. Até Jesus, para disciplinar os mercadores, na orla do templo, baixou-lhes o chicote. Naquele instante, defendia a virtude, condenava o vício e preservava a casa de Deus.
Portanto, ensinava-lhes que a Ira tem de ser pensada. O importante não é a ira que se sente, mas aquilo que fazemos com a ira que sentimos. E a pergunta era a seguinte: O que vocês fizeram com a ira que sentiram?
Em outro momento, discursei sobre a Liberdade, o segundo maior bem da vida. Porque o primeiro maior bem da vida é a própria vida. E provei que os seus corpos estavam presos, mas ninguém jamais poderia aprisionar suas ideias. As ideias não são concretas, não têm substância. As ideias são abstratas. Você pode estar preso, mas suas ideias, fora do presídio. Baseado nesses argumentos, provei-lhes que a ideia de liberdade deve seguir as regras para obtê-la, e o melhor caminho seria seguir as múltiplas alternativas para conquistá-la. Que repensar a Ira e conviver harmoniosamente seriam as melhores opções para amenizar a dor da prisão e ganhar a liberdade.
Ao final, citei o exemplo de Nelson Mandela, que morou 30 anos na prisão e saiu com a ideia de acabar com a discriminação racial na África do Sul, obtendo um êxito sonhado a vida inteira.
Sosígenes Bittencourt

Todos temos de ter um objeto de namoro.
Às vezes, um animal; às vezes, um livro.
Todos temos necessidade de namorar.
Às vezes, um trabalho; às vezes, a VIDA.
Sosígenes Bittencourt

A beleza não é uma invenção do homem,
a beleza existe.

Obviamente que eu não diria “cuidado com o Natal”, porque o nascimento de Jesus não tem nada a ver com isso. Porém, diria que é preciso segurar a emoção com o lado consumista da festividade, para em janeiro não estar com a mão na cabeça, por causa da farra financeira. Segundo alguns discursos evangélicos ou pastorais, Jesus é razão.
Não há riqueza maior no ser humano, força mais criativa do que a emoção, mas é preciso administrar seus excessos com a intermediação da razão. Napoleon Hill já o disse: “O entusiasmo é a maior força da alma.” Contudo, ‘entusiasmo’ deriva de “em + Teos”, ou seja, com Deus na alma, em estado de graça. Não adianta você cobrir-se do supérfluo, para depois carecer do essencial.
“Cuidado com Janeiro” significa “cuidado com as dívidas”. Outro dia, vi um economista dizendo que ninguém trabalha para pagar contas, trabalha para se manter. Quem recebe para pagar, não recebe, transfere. Ademais, é preciso confeccionar um colchão de segurança, para nas vacas magras ter como se socorrer. Não vá com tanta sede ao panetone, lembre-se do pão nosso de cada dia.
Prudente abraço!
Sosígenes Bittencourt

Eu sou meio ruim de tristeza. Pelo contrário, carrego uma certa alegria n’alma que, muitas vezes, confundem com falta de seriedade. Porque o importante não é a tristeza que você sente, mas o que você pode fazer com a tristeza que sente. Tristeza longa, duradoura é depressão. É caso clínico. Eu prefiro a tristeza que é caso cínico. Dizia, o dramaturgo Nelson Rodrigues, que “não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos.”
Por exemplo, a tristeza, para mim, é motivo de literatura. Eu recebi um grande conselho do poeta alemão Wolfgang Goethe: Faz da tua dor um poema, e ela será suavizada.
Sosígenes Bittencourt

Em cima de filho indesejado, nada mais inútil do que chibata moral e desespero. Justamente porque filho não programado é geralmente fruto de emoção desenfreada, apetite incontido. O procedimento deve ser sempre a preservação da serenidade em busca da razão, embora tardia, para solucionar questões do passado. A vida ensina que no passado nem Deus põe a mão. O passado construído pelo homem é “vontade permissiva de Deus”.
Se filho indesejado é resultado de liberdade desenfreada, por que desespero para consertar loucura? Antigamente, quando um menino trelava excessivamente e fugia ao controle era chamado de “desesperado”. No dia em que “desespero” pagar compromisso, eu o aconselharei para sanar dívidas.
Logo, a primeira atitude racional deve ser identificar o pai da “arte”, uma vez que a mãe está à nossa frente com o fruto no ventre. Não adianta arrumar pai para menino e adiar uma questão que será um dramalhão no futuro. Essa questão de dizer que pai é quem cria é deslavada mentira. Pai é quem fecunda óvulo, quem cria é mantenedor. Agora, se o mantenedor é zeloso e ama o enteado, merece ser amado, é outro detalhe. Se o pai é um sem-vergonha de marca maior, e a mãe engravidou por distração carnal, não assumindo os seus atos, não merecem ser amados, o que nem sempre acontece. Merecer não é sinônimo de recebimento, gratidão. Às vezes, o sujeito cria o alheio e recebe pontapé no focinho. Em suma, a vida estará sempre acima de tudo. Todo expediente em favor da vida será bem-vindo, e todo expediente contrário à vida será pecado.
Ainda em relação à paternidade, em caso de dúvida, a ciência entrará com o DNA, ninguém merece não saber quem é o seu pai, mesmo que o reprodutor não seja um anjo. Mentira tem pernas curtas e as más-línguas irão fuxicar. Portanto, é momento de buscar a razão, que não foi convidada no instante do desespero. Razão é reflexão, e reflexão é mais lenta que emoção, precisa de serenidade. Desespero é emoção, que, por associação, deve ser evitado. E, para não resvalar para o discurso moralista, a chibata moral, que de nada serve nesse instante, o conselho é o seguinte: Sexo é a coisa mais gostosa do mundo, mas fazer menino não tem nada a ver com isso. Haja vista que masturbação não gera coisa alguma e a macacada pratica desde a grande descoberta. Filho é vida, é universo, é criação, tem de ser programado, fruto do amor, que é racional. Quando for fazer sexo para sentir prazer, faça a munganga, não faça menino, ninguém é mais ingênuo como antigamente, não estamos mais na era da cegonha. Use a liberdade, preservando a devida segurança. Afinal, segurança sem liberdade é escravidão, mas liberdade sem segurança é loucura.
Sosígenes Bittencourt

Dois cientistas britânicos muito atentos à ciência acabaram de revelar ao mundo que cheirar pum é bom para prevenir câncer, ataques cardíacos e demência. Os desatentos somos nós.
Deve ser por semelhante ignorância que morre tanta gente de câncer e demente no mundo, pelo horror que tem a pum. Aliás, tem gente capaz de morrer do coração ao inalar um pum. Bom salientar que, até então, acreditávamos que só um demente ficaria tranquilo ao fedor de um pum.
Agora, os cientistas Mark Wood e Matt Whiteman estão preocupados em produzir um composto químico que promova os benefícios dos gases produzidos pelo pum. Talvez, sugiram um tipo de pastilha sanitária que exale um odor semelhante ao pum. E, a partir desse momento, soltar pum na presença do semelhante não será mais falta de educação ou puro egoísmo, mas um gesto de consideração e amor ao próximo, e todos queiram ser responsabilizados por um amável pum.
Fedorento abraço!
Sosígenes Bittencourt

No tempo de eu menino, ouvi uma história envolvendo o proprietário da Fratelli Vita que fuxico até hoje. O italiano Francesco Vitta, dado o sucesso do seu refrigerante, montou uma filial em Pernambuco.
Nesse tempo, o paraibano Francisco Pessoa de Queiroz era proprietário e fundador da Rádio Jornal do Commercio.
Pois bem… arengaram e partiram para o deboche. Francisco Pessoa de Queiroz perguntou a Francesco Vitta se ele queria vender a GARAPEIRA. E, aí, o italiano Francesco Vitta perguntou se Pessoa de Queiroz queria vender o SERVIÇO DE ALTO-FALANTE. Tem jeito?
Não tinha dinheiro que pagasse, saborear uma Fratelli Vita nesse instante. Tomávamos refrigerante com bolacha Cream Cracker e éramos felizes. Não era uma questão de variedade, mas absoluta e rigorosamente de qualidade.
Sosígenes Bittencourt

O dinheiro, para fazer um homem rico, é preciso ser poupado ou bem investido. O conhecimento, para virar sabedoria, precisa do uso da razão. Não é difícil encontrarmos esses exemplos. Difícil é encontrar uma alma humilde, como Mahatma Gandhi, que era chamado de “a grande alma”.
Sosígenes Bittencourt

Um cidadão me encontrou numa churrascaria e me revelou que havia gostado tanto de uma mulher que gastou tudo o que tinha. Vendeu o gado, o sítio, veio morar na cidade, tudo para gastar com a mulher que adorava. Depois, reduzido a uma caminhonete velha, a mulher o deixou.
Quer dizer, se ela não o queria com tudo que tinha, imagine sem nada do que tinha. Ou seja, ele, por excessivo afeto (afetado pelo afeto), por não impor limites à paixão, nunca percebeu o pecado que cometia. Daí, o castigo advindo.
Afetuoso abraço!
Sosígenes Bittencourt

Se hoje é dia de renovação e esperança, é dia de filosofar. Renovar é bom para nutrir esperança quando a renovação é inteligente, refletida sobre a experiência.
Existe uma lenda oriental que resume uma inteligente lição: Escreve o mal que te fizeram na areia, e o bem que recebeste na pedra.
Em resumo, hoje é dia de relembrar os bons momentos e drenar o lixo da memória.
Há, em Mateus – 6:22, um sapientíssimo conselho: São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso.
Sosígenes Bittencourt

Sou do tempo em que havia tempo de acompanhar a réstia do sol e contar estrelas. Sou do tempo em que o coral dos grilos orquestrava a sonoplastia das estrelas. Minha avó Celina botava perfume e penteava os cabelos para ouvir o jogo do Sport Club do Recife pelo rádio.
Eu queria passar o final do ano em Boa Viagem. Diz que tem muita lâmpada colorida, fogos de artifício, Jingle Bells, tanta mulher bonitinha e cheirosa que o coração fica pinotando de alegria. O mar roncando surdo e o vento assanhando o cabelo. Ficar de cara pra cima, vendo os arranha-céus. Ali mora uma família. Mas, tenho medo de assaltante. Talvez, eles queiram nos matar.
Eu estava conversando lorota. Um vendedor de picolé me apareceu.
– Chupe um picolé para me ajudar, professor.
– Eu posso até lhe ajudar, não sou obrigado a chupar coisa alguma.
A outra, foi assim:
– Professor, eu quero um dinheiro para ir pra Caruaru.
– Se eu pudesse, eu iria pra Caruaru com você. Contudo, o que é que você vai fazer em Caruaru?
Todo final de ano, a gente bota pra pensar nos mortos. Às vezes, naqueles que vão nascer. Até os que nem estão no ventre. Em verdade, ficamos pensando no vir-a-ser. Quem danado sabe o que vai acontecer? Um dia, fomos espermatozóide e óvulo. Um dia, estaremos num jazigo.
A morte é uma instituição democrática, fundada pelo tempo. Ninguém tem o direito de reclamar. Todos têm o direito de receber. Nunca mais eu fui ao cemitério. Ali, ensurdecem os que viveram, amaram e odiaram como nós, que seremos ossos, sem servir de conselho. Ontem, eu vi passar um enterro. As pessoas nunca tomam a morte como exemplo. Vivem pensando na vida.
Nesses dias, chega o Carnaval. O tempo é breve. No meu tempo, a gente pintava a cara e abria a porta para ver o caboclinho. Brincava de bisnaga. Relembrar é alongar a vida. Relembrar é abrir o livro de nossa história.
Eu nem sei a quem desejar um Próspero Ano Novo. Porém, mesmo assim, não custa nada desejar que você seja feliz, mesmo que não goste desta crônica.
Conversado abraço.
Sosígenes Bittencourt

É aí que relembro o filósofo Arthur Schopenhauer:
“O homem pode fazer o que quer, mas não pode querer o que quer.”
A feminista pode exibir os seios, mas não pode exigir que ninguém os deseje. Exibição de seio não é um fato do qual se deduza valor, não é um fato que gere direito. Qualquer menção nesse intuito será mera imposição, macaquice de ditadura, degradação moral.
Um seio exibido a alguém é uma concessão, um seio exibido publicamente é uma imposição.
Você pode matar o seu vizinho, mas não pode querer ficar impune.
Sosígenes Bittencourt

Boca fechada não é mais uma invenção, uma fantasia. O artista soviético Pyotr Pavlensky tornou realidade.
A causa do bico costurado é mais melodramática do que o alinhavado: a prisão de três madames que mangaram do presidente russo Vlademir Putin.
Primeira frescura, putiniana, prender três fêmeas por causa de uma galhofa. Segunda safadeza, pavlenskyana, cerzir o focinho por causa do autoritarismo do dono da Foice e o Martelo.
A obra de arte foi obrada do lado de fora da Catedral Kazan em São Petersburgo. O revoltado não quer falar nem a pau, só quando as debochadas forem soltas. Se Putin se arretar, por causa da pantomima, bota o sujeito no xilindró, e ele rasga a boca no arame.
Sosígenes Bittencourt

Sem falar no detalhe. A Coca-Cola do meu tempo de menino era um refrigerante à base de NOZ DE COLA, uma pequena castanha da África Tropical, digestiva, nutritiva e estimulante, a de hoje é feita com um xarope sintetizado em laboratório e acondicionado em ampola de alumínio. Eu a chamo de BOMBA DE VENENO.
Sosígenes Bittencourt

O grande obstáculo em ser feliz está na busca da felicidade, é procurá-la onde não está, é buscá-la no mundo, nos seres inanimados. A felicidade está naquilo que depende de você, no abstrato, aquilo que só existe ENQUANTO você produz. Eis o segredo, eis a chave, o caminho. O amor não existe ENQUANTO você não produz. Já o mundo não depende de você para existir, ele é concreto. Portanto, o amor é a essência da felicidade. O cineasta Franco Zefirelli disse que “O homem, desde o Egito até nossos dias, é movido por dois sentimentos: A ânsia de amar e o temor da morte.
Não obstante, em que creem os religiosos? O que se lê em João, 14:27, “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”.
Sosígenes Bittencourt

(O verbo “SUICIDAR-SE” é um PLEONASMO?)
O verbo “suicidar-se” vem do latim sui (“a si” = pronome reflexivo) + cida (= que mata). Isso significa que “suicidar” já é “matar a si mesmo”. Dispensaria, dessa forma, a repetição causada pelo uso do pronome reflexivo “SE”. Ou seja, “ele suicidou” em vez de “ele SE suicidou”.
É importante lembrar que as palavras terminadas pelo elemento latino “cida” apresentam essa ideia de “matar”:
formicida – que mata formiga;
inseticida – que mata inseto;
homicida – que mata homem.
Voltando ao verbo “suicidar-se”, se observarmos o uso contemporâneo deste verbo, não restará dúvida: ninguém diz “ele suicida” ou “eles suicidaram”. O uso do pronome reflexivo “se” junto ao verbo está mais que consagrado em nosso idioma. É, na verdade, um PLEONASMO IRREVERSÍVEL.
Numa história que é contada pelo grande ator, compositor, escritor e poeta Mário Lago, do seu livro 16 Linhas Gravadas, entre outras histórias, encontra-se a do professor de Português que se mata ao descobrir a traição de sua amada esposa Adélia. Deixou escrito na sua mensagem de despedida: “ADÉLIA SUICIDOU-ME”.
Sosígenes Bittencourt

Há um ditado antigo que diz: Seguro morreu de velho, desconfiado ainda vive.
Eu não sei se você já foi vítima de uns telefonemas meio macabros, cantarolados por uma moça muito delicada, com a vozinha meio açucarada, que diz assim: – Alô, é o senhor Fulano de Tal?
– É, sim. Diga!
– Olha, senhor, eu estou aqui com uma notícia do seu interesse e precisava do seu CPF, por favor?
– Para que a senhorita precisa do meu CPF, posso saber?
– Para saber se o senhor é o senhor Fulano de Tal mesmo.
Outro dia, perdi as estribeiras e terminei tirando uma brincadeirinha, acreditando que “é melhor ser absolutamente ridículo que absolutamente chato”, como aconselhava Marilyn Monroe.
– Bem, madame, eu já estou até tentando me esquecer do número do meu CPF, com receio de mim mesmo. No país do Mensalão, eu não confio mais nem na minha sombra.
Tem jeito?
Sosígenes Bittencourt