
Com a devida vênia solicito ao professor e escritor Ronaldo Sotero, permissão para completar alguns dados da visita do dr. Afonso Pena à Vitória de Santo Antão. O intuito é colaborar e dirimir algumas dúvidas. Na ocasião da visita do dr. Afonso Pena a nossa urbe, ele era o vice-presidente de Rodrigues Alves. As eleições para presidente tinham ocorrido em março de 1906; ele tomou posse em 15 de novembro de 1906. O presidente do Brasil em exercício era Rodrigues Alves (1902-1906). Repetidas vezes a reportagem reporta-se ao dr. Afonso Pena como vice-presidente.
Transcrevo a seguir a interessante reportagem do Diário de Pernambuco sobre a parada do dr. Afonso Pena na Vitória, em passagem para Caruaru, publicada no dia 7 de junho de 1906.
Diário de Pernambuco: … o trem partiu de Jaboatão às 8:30 h. com destino à Vitória.
“Às 8:30 h., foi dado o sinal de partida, sendo novamente queimadas muitas girandolas e erguidos vivas. O dr. Afonso Pena mostrava-se satisfeito, conservando-se sempre na plataforma do carro. Momentos depois, passávamos expressos, em Tapera, cuja estação continha grande aglomeração de populares. Ao enfrentar a gare, foram queimados muitos fogos e erguidos vivas calorosos. Sua Excelência, do carro cumprimentou, agradecendo aquelas expansões simpáticas do povo de Tapera.
Às 9:20 h. chegamos à cidade da Vitória.
Estrondosa recepção, oficial e popular, nos esperava. Todas as autoridades locais e o comércio em peso aguardavam ansiosos a passagem do vice-presidente da República. A banda Charanga Comercial executou o hino nacional à chegada do trem. Uma salva foi queimada e em seguida uma girandola.
Usou da palavra o senhor Henrique Lins, saudando sua excelência e fazendo votos para que feliz até o termo seja sua viagem.
Respondendo às provas de apreço de que era alvo, disse o dr. Afondo Pena:
Agradeço a saudação do povo da Vitória e esforçar-me-ei para corresponder à confiança que os meus patrícios acabem de depositar em mim, elegendo-me chefe supremo do governo brasileiro. O Brasil dispõe de recursos inesgotáveis e os seus filhos são trabalhadores. Regiões agrícolas atravesso atualmente e com satisfação reconheço que muito se trabalha e não se desanima nunca. Aos poderes públicos não pose ser indiferente à sorte das classes laboriosas. Cumpre trabalhar e confiar no futuro. Em um país como o Brasil, cuja força é latente, tudo há de se esperar. Crises mais perigosa e em circunstâncias piores temos vencido. Trabalhemos e confiemos. Deus abençoará os nossos esforços”.
Às últimas palavras do vice presidente, ouviu-se uma salva estrepitosa de palmas e vivas entusiásticos foram ouvidos.
A música executou novamente o hino nacional, sempre aclamando o dr. Pena. Terminadas essas expansões de alegria, o dr. Galvão, juiz de direito da comarca, em nome da Vitória saudou sua excelência.
Em seguida, o Sindicato Agrícola da Vitória, representado pelo dr. Baltazar Cavalcanti de Albuquerque, saudou sua excelência em expressivas e delicadas frases, fazendo-lhe oferta de um memorial.
Mais uma vez agradeceu S.Excia., desejando a prosperidade dos vitorienses.
O prefeito convidou o dr. Afonso Pena a visitar a municipalidade.
S.Excia. não pode aceitar devido ao adiantado da hora.
Ali, o Paço estava ornado a capricho e um lauto almoço preparado para ser a S.Excia. oferecido.
Todo o comércio da Vitória fechou, em regozijo à passagem do ilustre brasileiro. O representante do “O Lidador”, jornal que se publica naquela cidade, incorporou-se à comitiva.
Às 9 e 35 minutos, com as maiores demonstrações de alegria, partiu S. Excia. Da Vitória, guardando a grata recordação da pitoresca cidade do nosso Estado.
Na estação da Russinha passou o expresso às 10 horas…”
Pedro Ferrer – presidente do IHGVSA.
