FAINTVISA: debate sem pluralidade no campo das ideias.

Na qualidade de aluno  do curso de história das Faculdades Integradas da Vitória de Santo Antão, semana passada, através do representante dos alunos da minha turma, Leão, tomei conhecimento do evento intitulado 3ª Semana de Serviço Social, articulado pelo coordenador e alunos do próprio curso – Serviço Social. Por opção não aderi financeiramente ao evento, que teve inicio na segunda (15) e encerra hoje – quarta-feira (17).

Pois bem, eis que ontem, terça feira (16), ao adentrar nos corredores da faculdade, na direção da sala de aula, encontrei a professora Acidália Tavares. Disse-me ela: “hoje a nossa aula será no auditório”. Sem nenhum questionamento, como aluno aplicado, dei “meia volta” e segui para o local determinado pela professora.

Lá chegando, antes do início dos trabalhos, encontrei o amigo e também professor da instituição, Júlio Prado. Na ocasião o mesmo falou-me da sua missão de mediar o debate proposto (previdência) e questionou minha ausência, no dia anterior (segunda). Falei que estava apresentado um seminário, em sala, sobre a vida e a obra do importante brasileiro Darcy Ribeiro.

Pois bem, acomodei-me na terceira fila das poltronas do Auditórios José Aragão. Com atenção acompanhei as respectivas explanações dos componentes da mesa, sobre o tema proposto – reforma da previdência.

Na medida do possível procuro estar atualizados sob os mais diversos temas, quer sejam nacional, regional ou local. Sobre o assunto em tela (previdência) tenho acompanhado esse debate de maneira atenta nas mais variadas plataformas de comunicação. Gosto também, sempre, de ouvir e ler as mais diversas opiniões sobre a mesma questão pois, imagino,  essa,  ser a melhor forma de avançar na área do conhecimento.

De maneira aberta e com todo direito que o estado democrático lhes concede, os quatro debatedores se posicionaram como agentes esquerdistas. Até aí, tudo bem. Nas suas respectivas falas, os mesmos  realçaram discursos e ideias com  clara chancela e propósitos políticos ideológicos. Suponho.

Ao final das explanações o mediador abriu  o microfone para perguntas da plateia. Apenas quatro se propuseram. Fui o segundo. Inicialmente disse que faria duas observações e duas perguntas:

Primeiro – questionei os promotores do evento o motivo pelo qual não havia sido reservado, à mesa, espaço para  um debatedor que pudesse fazer um contraponto no campo das ideias, para que o debate fosse enriquecido? Até porque – adverti – qualquer que seja o tema abordado, em quaisquer circunstâncias deve-se consagrar, obrigatoriamente, espaço, para  quem, por acaso, possa pensar diferente. Até porque não é de bom alvitre deixar alunos “expostos” apenas a uma  única linha de pensamento.  Isso é ruim para o aprendizado e, sobretudo,  para a chamada “digestão das ideias”.

Segundo – parabenizei o professor Ricardo Andrade por sua introdução ao tema, realçando o histórico de algumas categorias de trabalhadores, na luta por direitos e garantias.

Posto isso, parti para as minhas duas indagações:

Na direção da professora Silvana (não tenho certeza do nome, não a conheço), que procurou, na sua apresentação,  caminhar para o lado dos números, perguntei, na questão da previdência, como a mesma enxergava à alta queda na taxa de fecundidade brasileira. Na ocasião, lhe repassei os seguintes números: (1960 -6,3), ( 1980 -2.5), (2000 – 2.4) (2010 – 1,86) e com perspectiva de chegar, em 2020,  1.0

Ela, inicialmente, não me respondeu. Insisti na resposta e aí, ela falou que a previdência trabalhava com o elemento do aumento da expectativa  de vida, sem levar em consideração à taxa de fecundidade –  objeto central da minha pergunta… na minha opinião sua resposta foi rasa, bastante rasa. Não me contemplou.

Na direção do professor Ricardo Andrade – uma vez que ele havia falado que aposentadoria também atuava como uma espécie de transferência de renda – perguntei-lhe o seguinte: nesse contexto – transferência de renda – que avaliação ele poderia fazer,  ao saber que a remuneração média dos aposentados do setor público brasileiro é de R$ 7.500,00, na medida que o pagamento médio do setor privado é de R$ 1.200,00?  E que também são utilizados cerca de 70% de todo  recurso arrecadado,  para pagar apenas os 30% dos aposentados do setor público,  e que  os 30% dos recurso que sobram,  são utilizados  para pagar, justamente os 70% dos aposentados da iniciativa privada?

Bem, com relação à resposta do professor Ricardo Andrade, estou esperando até agora. Na ocasião, que poderia ter usado para tentar me responder,  ele preferiu “meter o cacete” na Rede Globo de Televisão e, subliminarmente, me “jogar” na vala comum dos direitistas radicais (algo que não sou), encerrando assim sua participação e o debate com famoso “Fora Temer”, como se eu fosse um defensor ferrenho do atual governo.

Fica, portanto, meu descontentamento com esse tipo de atividade acadêmica, onde não ocorre pluralidade no campo das  ideias e dos pensamentos. São por essas e outras atitudes que a intolerância vem avançando entre as pessoas, aliás, nas  mais variadas relações sócias, na internet e etc.

Para encerrar, contudo, deixo uma critica e uma sugestão aos professores, coordenadores e diretores da referida instituição de ensino:

Primeiro – não cometam o pecado de suprimir o bom debate aos alunos para que os mesmos não sejam apenas meros reprodutores da mesmice ideológica, sem que se possa ser feito o necessário questionamento. Desse jeito, à formação do cidadão crítico, tão necessária para o constante processo evolutivo no estado democrático de direito,  será suplantada e negligenciada e não se dará, em tempo algum, de maneira natural e ecológica.

Segundo – Sugiro, então, que nas próximas pautas de debates, além de haver o confronto de ideias, que se possa discutir o grande vilão da sociedade moderna, no que diz respeito às relações do trabalho com o capital que é,  justamente, a TECNOLOGIA. A população, sobretudo a faixa que se encontra no mercado de trabalhos e as que estão pó vir,  precisam enfrentar, com serenidade, o quanto antes, esse debate sob pena de sermos todos tragados – num curto espaço de tempo –  pela verdadeira hecatombe universal, que marcha célere na nossa direção. Fica a dica!

2 pensou em “FAINTVISA: debate sem pluralidade no campo das ideias.

  1. Parabens pela coragem de expor suas ideias. Não estou emitindo julgamento sobre o conteúdo, seu e dos expositores. Não estive presente. Encontro-me, como o amigo sabe, na Suiça. Restrinjo-me ao direito de liberdade e de manifestação.
    Abraço,
    Pedro Ferrer

  2. Lamentável essa situação. Em uma faculdade, onde deve ser fomentado o pluralismo de ideias e concepções, se fazer um debate sem um debatedor para fazer um contraponto. Creio eu então que não se tratava de um debate, mas de um seminário com um tema predefinido – criticar a reforma da previdência.

    Assemelha-se um pouco com o que ocorreu no Cine – PE, em que um grupo de cineastas de esquerdas retiraram suas obras do evento em protesto contra a “escolha ideológica” das produções. Parece que existe uma esquerda radical que não gosta de debater, querem pensamento único:
    http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/viver/2017/05/10/internas_viver,703163/cineastas-tiram-filmes-do-cine-pe-em-protesto-contra-selecao-alinhada.shtml

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