Aconteceu na noite de ontem (26), no auditório da Faculdade Osman Lins, uma reunião carnavalesca que teve como principal objetivo discutir o conteúdo de um Decreto Municipal que tem por finalidade regulamentar as festividades carnavalescas de 2015. Os Secretário Municipais, Ozias Valentim e Paulo Roberto, assim como presidentes de associações – ABTV /ACTV – e diretores de agremiações marcaram presença no encontro.
Fotos: Site da Câmara de Vereadores de Vitória
Por um dever de justiça, devemos creditar aos vereadores Geraldo Filho e Novo da Banca a ideia da regulamentação da festa (carnaval) por decreto, pois, após o fiasco, por parte da prefeitura na organização do carnaval 2014, os edis procuraram a ABTV para, em conjunto, provocar uma Audiência Pública, no sentido de discutir, democraticamente com todas as partes envolvidas, o melhor modelo para festa. Se o evento não chegou a ser concretizado, naquela ocasião, deve-se creditar à falta de solidariedade por parte do Presidente da Casa, vereador Edmo Neves, que foi insensível ao pleito dos colegas vereadores, assim como dos diretores de agremiações carnavalescas naquela ocasião.
Pois bem, voltando à reunião de ontem, após o decreto ter sido apresentado em um telão, cujo conteúdo não pode ser devidamente analisado e apreciado por todos, as discussões foram aberta em torno de vários pontos.
Na sua intervenção, o Secretário Municipal de Governo, Ozias Valentim, disse está de acordo que as agremiações que são animadas com trio elétricos voltem a desfilar pelo entorno da Praça da Matriz. O presidente da ABTV, Charles Romão, entre outras coisas, disse que não se deveria fazer mais aquela “propaganda enganosa”, na manhã da segunda-feira de carnaval com a transmissão da Rede Globo, disse ainda, que a ABTV, com relação à força desproporcional usada pela polícia na direção das agremiações, artistas e folões no carnaval passado, foram devidamente cobradas às providências juntos as autoridades. A presidente do Clube de Fado Taboquinhas, Verônica, explanou sobre a democratização do carnaval. Gilberto Lorena, assim como outras pessoas também fizeram uso da palavra.
Na minha intervenção oral, fiz questão de dizer que o carnaval 2014, catalogado por dirigente de agremiações, comerciantes e, principalmente pelos foliões, como pior carnaval da história da cidade, não foi de tudo ruim, até porque, se a “tragédia carnavalesca” não tivesse ocorrido, não estaríamos discutindo, com os representantes da prefeitura, no final de novembro 2014, o carnaval de 2015.
Também levantei algumas questões de ordem burocrática que, de certa forma, engessam a participação das pequenas agremiações, quando, na minuta do decreto, se cobra CNPJ e até certidão negativa de órgão federal, para só assim, acontecer a liberação dos minguados recursos da prefeitura.
Minha sugestão, nesta questão, foi que as associações, já existentes (ABTV e ACTV), atuem como uma espécie de “guarda-chuva” na liberação dos recursos governamentais, ou seja, o dinheiro vem para as entidades, elas repassam aos contemplados e prestam contas. Outra coisa que discordei do decreto foi a exclusão das associações (ABTV e ACTV) no processo carnavalesco.
Em outro ponto do decreto discordei da tentativa da prefeitura de querer “jogar” para cima das agremiações a responsabilidade com os fios que cruzam as vias da cidade onde desfilam os trios elétricos, ora!! quem tem que tomar a frente nesta questão é sim, a prefeitura, até porque a regulamentação desta matéria é, constitucionalmente, de sua responsabilidade.
Com relação aos critérios usado pela prefeitura, no que diz respeito aos valores repassados às agremiações, foi outro ponto que levantei, dizendo, inclusive, que deverá ser melhor debatido.
Com relação aos investimentos em palco e suas respectivas apresentações no carnaval da Vitória, votei a dizer: PALCO É UMA FIGURA ALIENÍGENA ÀS NOSSAS TRADIÇÕES. O palco seria bem vindo, como nos carnavais de outrora onde na semana pré-carnavalesca eram usados, justamente para aquecer o carnaval. Nossa festa maior (carnaval) tem mais de 120 anos e foi forjada na tradição dos cortejos, ou seja, o folião da Vitória gosta de “pegar” seu clube no seu local original de saída, desfilar com ele e voltar para o ponto inicial.
Terminei minha intervenção dizendo, entre outras coisas, que precisávamos desta minuta de decreto, impressa, nas nossas mãos, para que possamos fazer uma avaliação mais apurada. Com relação ao carnaval da Vitória, disse que é uma obra inacabada, iniciada pelos nossos ancestrais, muitos deles parentes dos que ali se encontravam, e que estamos apenas dando continuidade, onde, logo-logo, já estaremos catalogados nas páginas do passado, e que portanto, ninguém deve pensar que é proprietário do CARNAVAL SECULAR DA VITÓRIA.
Na fala do Secretário Paulo Roberto, responsável pela leitura do decreto apresentado no telão, ficou, pelo menos para mim, a impressão que ele aprendeu alguma coisa com os erros cometido no carnaval passado (2014), onde a prefeitura, de maneira unilateral tentou “se esconder” por trás da Promotoria e da Polícia Militar para, então, IMPOR suas vontades e seus projetos, sem levar em consideração à história das agremiações e, sobretudo à liberdade dos foliões.
Portanto, gostaria de dizer que mesmo continuando com a opinião de antes, ou seja, pela criação de um COMITÊ GESTOR DO CARNAVAL, dispensando assim, qualquer tipo de imposição e interferência nas festividades momescas, na minha avaliação, o carnaval 2015 começou de maneira positiva.
Para encerrar, gostaria aqui de repetir uma frase proferida, repetida vezes, pelo prefeito Elias Lira que diz: “quanto se planta uma boa semente, se colhe um bom fruto”. Com isso, quero dizer que a gestão do Governo de Todos chega para comandar seu sétimo carnaval consecutivo, e se lá atrás tivesse planejado o carnaval da forma correta não estaríamos, “nesta altura do campeonato”, precisando recomeçar praticamente do zero. Mas, como diz o ditado, nunca é tarde para compreendermos que erramos e que precisamos aprender com quem sabe mais.
Ao final do encontro gravamos um vídeo com o Secretário de Governo, Ozias Valentim, onde o mesmo faz uma pequena avaliação da reunião. Veja o vídeo: